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América Latina tem os menores custos para construir. Mas as tarifas de Trump podem mudar isso

Baixo custo da construção civil é atrativo para mercado imobiliário da América Latina, segundo estudo inédito da Turner & Townsend

Bogotá é a cidade com os custos de construção mais baixos da América Latina (Jose Bula Urrutia/UCG/Universal Images Group /Getty Images)

Bogotá é a cidade com os custos de construção mais baixos da América Latina (Jose Bula Urrutia/UCG/Universal Images Group /Getty Images)

Letícia Furlan
Letícia Furlan

Repórter de Mercados

Publicado em 23 de julho de 2025 às 10h51.

A América Latina tem se mostrado uma região atraente para investimentos no setor de construção devido aos baixos custos de construção. A constatação apareceu no estudo inédito da consultoria Turner & Townsend, o Global Construction Market Intelligence (GCMI) 2025, que compila dados das equipes da empresa, que atua em 99 mercados globais oferecendo consultoria em gestão de projetos e programas.

Com uma média de US$ 1.265 por metro quadrado, Bogotá, capital da Colômbia, é a cidade com os custos de construção mais baixos da América Latina. No Brasil, o Rio de Janeiro apresenta um custo médio de US$ 1.413, o que também o coloca como um dos destinos mais baratos da região.

Esses valores contrastam fortemente com os preços elevados de cidades como Nova York, com US$ 5.744 por metro quadrado, e São Francisco, com US$ 5.504, que lideram o ranking global de custos de construção.

O estudo também destaca que a inflação dos custos de construção tem diminuído na maioria dos mercados latino-americanos, à medida que as taxas de juros se estabilizam. No entanto, a consultoria alerta para a possibilidade de um novo aumento nos preços em alguns países da região, devido à instabilidade política e aos desafios comerciais globais.

Desafios da guerra comercial

As tarifas comerciais estabelecidas pelo governo de Donald Trump afetam diretamente produtos brasileiros exportados, como aço, alumínio e madeira processada — fundamentais para o setor de construção. Contudo, seus impactos indiretos se espalham por toda a América Latina, gerando um clima de incerteza e freando potencialmente a realização de investimentos.

“A redução da competitividade desses produtos no mercado americano pode gerar excedente de oferta local, pressionar preços e impactar a cadeia produtiva. No caso do Brasil, os principais impactos negativos incluem a retração nas exportações e o risco de inflação setorial, enquanto os efeitos positivos podem envolver o fortalecimento da produção local e a reorientação estratégica para novos mercados”, explica Anna Pancini, diretora associada e líder de custos da Turner & Townsend Brasil.

Já em países como Chile e Argentina, a alta demanda por minerais, especialmente lítio e cobre, impulsiona os custos de construção, com valores que podem alcançar até US$ 1.899 por metro quadrado em Santiago.

A expectativa é que a inflação dos custos de construção na região caia de 7,16% em 2024 para 4,16% em 2025, com exceção de mercados como Santiago, onde a volatilidade política pode elevar a inflação para 4%. Já no México, o impacto das tarifas e a dependência de materiais importados devem aumentar a inflação em Monterrey, que passará de 5,0% para 7,0% em 2026.

Minério é a carta na manga

O mercado de construção na América Latina se beneficia de uma indústria de mineração robusta, que fomenta o desenvolvimento de outros setores, como o de mercado imobiliário, ocupação corporativa e transporte.

Esse movimento é especialmente visível no Brasil, onde investimentos em infraestrutura estão sendo direcionados para cidades como Belém, que se prepara para sediar a COP30, e para melhorar a conectividade nas principais áreas urbanas.

No entanto, os investidores ainda enfrentam desafios, especialmente em mercados como o Chile e a Argentina, onde a instabilidade política pode afetar a confiança no futuro próximo.

Sergio Panero, líder regional de mercado imobiliário na América Latina pela Turner & Townsend, enfatiza que, apesar das dificuldades, os fundamentos da região, como custos baixos de construção e uma forte indústria de mineração, continuam a ser fatores decisivos para o interesse de investidores.

Os países mais baratos para construir

RegiãoRanking (/99 mercados)Custo por m² (US$)Inflação dos custos de construção em 2024 (%)Inflação dos custos de construção em 2025 (%)Salário / hora (US$)
Buenos Aires662,40030.010.08.0
Monterrey702,1995.05.04.0
Cidade do México731,9353.63.76.8
Santiago751,8993.04.08.6
São Paulo771,4542.62.86.4
Rio de Janeiro781,4132.62.86.2
Bogotá801,2653.54.04.9

Os países mais caros para construir

RegiãoRanking (/99 mercados)Custo por m² (US$)Inflação dos custos de construção em 2024 (%)Inflação dos custos de construção em 2025 (%)Salário / hora (US$)
Nova Iorque15,7443.33.5131.4
São Francisco25,5043.54.0117.5
Zurique35,3860.71.0117.9
Genebra45,3860.61.0117.9
Londres55,3852.03.056.8
Los Angeles64,7862.34.071.4
Chicago74,6953.53.579.5
Tóquio84,6475.85.629.1
Filadélfia94,6043.05.0107.9
Sapporo104,5775.85.624.2
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