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Após 'Airbnb de luxo', Charlie lança hotel ao lado do Ibirapuera

Um grupo de 16 investidores se juntaram e compraram todos os quartos do hotel por R$ 40 milhões

One of a Kind Charlie Hotel Ibirapuera: hotel tem decoração de interiores da grife italiana Versace. (Charlie /Divulgação)

One of a Kind Charlie Hotel Ibirapuera: hotel tem decoração de interiores da grife italiana Versace. (Charlie /Divulgação)

Letícia Furlan
Letícia Furlan

Repórter de Mercados

Publicado em 28 de novembro de 2025 às 08h09.

Última atualização em 28 de novembro de 2025 às 08h21.

A Charlie, startup que atua no mercado de hospedagem de curta, média e longa duração, acaba de lançar um espaço que une hotel com apartamentos avulsos que podem ser adquiridos por investidores pessoa física.

O empreendimento tem 31 andares e 300 apartamentos de 28 a 32 metros quadrados. Um grupo de 16 investidores entrou com o valor de R$ 40 milhões na compra de 54 unidades. São elas que compõem o One of a Kind Charlie Hotel Ibirapuera, localizado a alguns quarteirões do parque.

As unidades avulsas também já foram vendidas, a um preço de pouco mais de R$ 20 mil por metro quadrado. Os proprietários podem alugar os apartamentos para short-stay, inclusive no próprio Airbnb, ou até mesmo morar por lá, tendo as regalias da área comum do hotel embutidas no valor do condomínio — que deve ficar entre R$ 700 e R$ 1 mil.

Tudo isso está sob decoração de interiores da grife italiana Versace, parceria estabelecida pela Lavvi, da Cyrela, a incorporadora do espaço. O investimento em mobiliário e decoração total das áreas comuns foi de cerca de R$ 15 a R$ 20 milhões, um valor considerado entre 5 a 10 vezes mais alto do que o padrão normal para um edifício do tipo.

A grande expectativa dos investidores com a parceria, que não tem nenhum vínculo com a operação hoteleira, é a capacidade de cobrar 50% a mais na diária média em relação ao padrão da Charlie. A diária média fica entre R$ 350 e R$ 400. Espera-se que o empreendimento comece a cobrar a partir de R$ 600 ou R$ 700.

Com a parceria com a Versace, investidores acreditam ser possível cobrar 50% a mais na diária média em relação ao padrão da Charlie (Charlie /Divulgação)

Lacuna no setor hoteleiro de luxo

A proposta surge da convergência de três elementos: a trajetória da Charlie no mercado, uma oportunidade mapeada no setor hoteleiro de São Paulo e o interesse de um grupo de investidores experientes.

Fundada em 2020, a Charlie soma hoje pouco mais de cinco anos de operação. Começou com cerca de 300 apartamentos contratados e já alcança 2,5 mil unidades operacionais em mais de 80 prédios em três capitais — São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre. A empresa atua na gestão de unidades para investidores e oferece hospedagens flexíveis, de um dia até um ano, com foco em eficiência operacional, padronização de serviço e tecnologia.

Ao analisar o mercado paulistano, Allan Sztokfisz, CEO da empresa, identificou uma lacuna entre hotéis de ultra luxo com diárias de até R$ 4 mil e redes padronizadas com baixa diferenciação. Faltava o “meio do caminho”: um produto com sofisticação, mas financeiramente viável.

Dessa constatação nasceu o conceito de smart luxury — luxo acessível com alto padrão de design, operação enxuta e preço competitivo. A ideia ganhou forma quando a Lavvi apresentou um projeto inédito na região do Parque Ibirapuera, ainda sem operador definido.

A combinação atraiu um grupo de 16 investidores, que adquiriram, juntos, 54 unidades do hotel pelo valor de R$ 40 milhões.

Um deles é Ricardo Melo, vice-presidente de vendas da Ambev. O outro, Luiz Otávio de Meira Lins, é CEO da rede hoteleira Nannai Resort & Spa.

“Comecei a investir em flats individuais aqui e ali, e até em salas comerciais. Decidimos juntar um grupo de amigos com essa mesma vontade, a de investir para uma renda recorrente futura, encontrando operadores que toquem o negócio, dado que todos continuam com as suas funções, seus trabalhos, as suas empresas”, explica Melo.

“A ideia é que os rendimentos superem aqueles dos investimentos que os executivos têm em paralelo, como na renda fixa, das ações, ou seja lá onde eles invistam. Foi assim que convenci Lula [o CEO da Nanai Resort], já que ainda haverá a valorização do próprio imóvel”, complementa.

Hotel de luxo a uma pechincha

O hotel funcionará no modelo boutique e faz parte do novo segmento da empresa chamado One of a Kind, para designar um produto único. As diárias previstas estão bem abaixo dos valores praticados no segmento de alto padrão.

A viabilidade desse preço depende de uma estrutura de uso misto: os 54 apartamentos do hotel estão inseridos em um prédio com cerca de 300 unidades, sendo o restante voltado a investidores individuais ou uso residencial. Com isso, os custos de manutenção das áreas comuns são diluídos, reduzindo o peso da operação.

“O mesmo nível de serviço e experiência, se oferecido em um prédio isolado, exigiria diárias quatro vezes maiores”, explica Sztokfisz.

A operação contará com arrumação diária, lounge e café exclusivos para hóspedes, além de integração com a plataforma tecnológica da Charlie. O modelo foi pensado para unir a gestão profissional hoteleira com flexibilidade de estadias.

Com mais de R$ 2 bilhões em ativos sob gestão e 1,7 milhão de diárias realizadas desde a fundação, o Charlie expande agora sua atuação para o segmento institucional de renda, com foco em multifamily, produtos híbridos e novas praças como Florianópolis, Itajaí e Belo Horizonte.

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