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Caixa aposta no digital para afastar imagem de banco para 'boomers'

Banco público tem usado a tecnologia para ganhar celeridade na concessão de crédito imobiliário

Caixa: processo para concessão de crédito teve tempo reduzido à metade (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Caixa: processo para concessão de crédito teve tempo reduzido à metade (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Letícia Furlan
Letícia Furlan

Repórter de Mercados

Publicado em 7 de novembro de 2025 às 06h15.

A forte concorrência com fintechs faz com que o público mais jovem enxergue a Caixa como um banco para boomers. Mesmo sendo a força motriz de programas sociais, como o Bolsa Família, até a fézinha feita nas loterias. E quando o assunto é financiamento imobiliário, o banco público está praticamento isolado no páreo.

A instituição responde por quase 70% dos financiamentos do país, com uma carteira de crédito habitacional que ultrapassa R$ 800 bilhões e mais de 7 milhões de contratos ativos.

Apesar dos números, era preciso não perder de vista o digital — que é justamente o ponto forte das tantas fintechs que surgiram nos últimos dez anos.

“Passamos a observar uma mudança de hábitos, intensificada ainda mais com a pandemia. Para pagar os auxílios, quem fez a maior inclusão digital foi justamente a Caixa. Logo depois, veio o Pix. Para além da concorrência, vimos que os clientes mudaram”, afirma Roberto Ceratto, diretor de habitação da Caixa.

O financiamento imobiliário, historicamente muito manual e dependente de documentos físicos, esteve no alvo de um esforço de digitalização e simplificação de processos. Embora o atual processo ainda não seja totalmente digital, já houve mudanças profundas na forma como os financiamentos são operacionalizados.

A mais significativa deles talvez seja a eliminação da necessidade de impressão de documento ou a assinatura, que agora pode ser digital. O envio automatizado do arquivo para registro no cartório é também uma facilidade que um brasileiro que contratava financiamento nos anos 1990 jamais imaginaria.

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“Antes, o processo era manual, exigindo que o cliente juntasse documentos, formasse um dossiê com cerca de 50 páginas e o levasse para a agência. Não existia correspondente. Então, em cidades sem agência, era preciso viajar. Esse método gerava um grande impacto em termos de arquivo, volume de documentos e logística”, explica Ceratto.

As mudança se refletem no prazo em que um financiamento é iniciado e finalizado, que foi de 60 dias para uma média de 30 dias.

Nas situações em que não há pendências de documentação por parte do cliente, restrições de renda, ou questões relacionadas ao imóvel, o processo tem conseguido ser concluído em até duas semanas — o que inclui avaliação de engenharia, aprovação, documentação, registro em cartório e devolução.

De janeiro a setembro de 2025, a Caixa concedeu aproximadamente R$ 175 bilhões em crédito imobiliário. O banco é o que mais concede crédito pelo Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimos (SBPE), e também atua praticamente com exclusividade nas operações com recursos do FGTS para habitação.

O Futuro

Depois de quatro anos de desenvolvimento, o Banco Central (BC) decidiu desligar a plataforma Drex, projetada para ser a infraestrutura das finanças digitais no Brasil com uma moeda digital de banco central (CBDC, na sigla em inglês).

Para a Caixa, a integração com o Drex e as finanças descentralizadas seria um passo importante para a transformação digital dos processos.

O banco, inclusive, participou de um piloto do Drex conduzido pelo Banco Central, onde foi simulado um financiamento com liquidação em outra instituição e registro em cartório de maneira totalmente automatizada, utilizando contratos inteligentes.

“O piloto do Drex gerou aprendizados importantes em tokenização e novos modelos de liquidação, que seguem integrando nossa agenda de inovação. Mesmo com a mudança de escopo, continuaremos contribuindo ativamente para a construção de um sistema financeiro mais moderno, seguro e eficiente para o país", afirmou a Caixa em comunicado à EXAME.

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