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Como a Vila dos Atletas, das Olimpíadas, saiu de elefante branco a bairro de R$ 4 bilhões

BTG Pactual se tornou 'síndico' do bairro planejado que serviu de residência temporária para os atletas que vieram ao Rio de Janeiro para as Olimpíadas de 2016. Agora, o sexto condomínio será lançado, num VGV que beira o R$ 1 bilhão

BTG Pactual se tornou 'síndico' do bairro planejado que serviu de residência temporária para os atletas que vieram ao Rio de Janeiro para as Olimpíadas de 2016 (Matthew Stockman/Getty Images)

BTG Pactual se tornou 'síndico' do bairro planejado que serviu de residência temporária para os atletas que vieram ao Rio de Janeiro para as Olimpíadas de 2016 (Matthew Stockman/Getty Images)

Letícia Furlan
Letícia Furlan

Repórter de Mercados

Publicado em 17 de julho de 2025 às 13h49.

Quais as chances de transformar um elefante branco em um legado? Para o BTG Pactual (do mesmo grupo controlador da EXAME), a oportunidade estava na cara desde sempre.

O Ilha Pura é o nome do bairro planejado construído usando toda a estrutura da vila dos atletas das Olimpíadas do Rio de Janeiro, de 2016. Durante os jogos, a vila — a maior da história — funcionou como residência temporária para quase 18 mil pessoas, entre atletas e profissionais das delegações, com 3,6 mil apartamentos em 31 prédios.

Após os jogos, a previsão era transformá-la em um bairro residencial planejado de mais de 800 mil metros quadrados para moradores comuns, mas a comercialização amargou.

Três anos após a realização das Olimpíadas, o empreendimento imobiliário onde funcionou a Vila dos Atletas não tinha vendido sequer 15% dos imóveis construídos para o evento. Das mais de 3,6 mil unidades preparadas para a Olimpíada, apenas 512 foram comercializadas até 2019.

Em 2024, uma virada: o BTG adquiriu todo o empreendimento residencial que muitos viam como um elefante branco na capital fluminense. Agora, em agosto, será lançado o sexto condomínio do bairro planejado — terceiro com o banco à frente dos negócios — com valor geral de vendas (VGV) que chega a quase R$ 1 bilhão.

A pepita carioca

A grande vantagem que o BTG enxergou no Ilha Pura era o fato de ele já estar pronto, o que era incomum para ativos que sofriam durante crises. O problema não era a qualidade imobiliária do ativo, mas sim a sua estruturação financeira.

“Era exatamente o tipo de negócio que gostamos de fazer. São negócios grandes que demandam soluções complexas, mas com ativos premiuns. Era essa a característica que víamos no Ilha Pura, enquanto todo mundo via como um problema. E é isso que gostamos de fazer: desatar nós”, afirma Michel Wurman, sócio responsável pela área de Real Estate do BTG.

A compra se deu por meio da subsidiária Enforce, focada em special situations. segmento do banco focado justamente na gestão e aquisição de ativos estressados.

Com sete condomínios, o bairro tem o potencial de Valor Geral de Vendas (VGV) de R$ 4 bilhões. Ele oferece acesso ao Parque Ilha Pura, com 72 mil metros quadrados, projeto paisagístico do escritório Burle Marx. Em 2026, o bairro receberá ainda um colégio da rede pH e um supermercado.

Bairro Planejado Ilha Pura

Bairro Planejado Ilha Pura, antiga vila dos atletas (Ilha Pura/Divulgação)

“Originalmente, o valor total do empreendimento Ilha Pura era cerca de 3 bilhões e pouco, e já está hoje em 4 bilhões, mostrando uma valorização acima da curva esperada”, diz Wurman.

“Nossa visão é transformar o bairro em um dos endereços mais desejados da cidade, combinando qualidade de vida, mobilidade, segurança 24 horas e conexão com a natureza em um contexto urbano altamente planejado”, Ricardo Cardoso, sócio do banco.

Um legado para o Rio

O primeiro lançamento comercial após o M&A do BTG foi o Elos, que foi o quarto condomínio lançado do bairro, com VGV de R$ 650 mil. Na época, mais de 500 unidades foram vendidas em dois dias, correspondendo a mais de 70% do total de 680 apartamentos do condomínio.

O quinto condomínio lançado no Ilha Pura, e segundo após o M&A, foi o Astra, com R$ 450 milhões de VGV.

E a povoação do bairro vai acontecendo de vento em popa. Agora, o mais novo lançamento é o Ilha Pura by Ornare.

Será o condomínio de mais alto padrão do bairro planejado e o primeiro na cidade a contar com a assinatura da marca internacional de móveis de alto padrão, que terá presença exclusiva nos espaços de uso comum do empreendimento.

Com seis torres e 408 unidades, o VGV é de R$ 938 milhões. Em agosto, será lançada a primeira fase, com duas torres de 68 unidades de três e quatro suítes, entre 171 metros quadrados e 227 metros quadrados, com até três vagas de garagem.

As coberturas terão até 461 metros quadrados. O valor estimado do metro quadrado é de R$ 9,2 mil.

Desde quando relançou o Ilha Pura, em agosto de 2024, o BTG investiu cerca de R$ 220 milhões em obras de infraestrutura e revitalizações. “Sabemos que nunca mais vai existir algo assim. E tem também o legado, porque o banco é carioca. Ascender e devolver o Ilha Pura para os cariocas era um dos nossos objetivos”, finaliza Wurman.

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