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Como é ser vizinho de Mark Zuckerberg?

Bilionário comprou terras em Palo Alto, na Califórnia, que se tornaram um verdadeiro condomínio para sua família e que vem provocando dor de cabeça a quem vive por perto

Agência o Globo
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Publicado em 10 de agosto de 2025 às 17h36.

Durante décadas, o bairro de Crescent Park, em Palo Alto, representou o sonho de vida na Califórnia. Médicos, advogados, executivos e professores da Universidade de Stanford moravam em casas charmosas, numa mistura eclética incluindo residências estilo Craftsman e bangalôs, estavam lotadas de famílias que se tornaram amigas rapidamente. As festas de quarteirão anuais lotavam.

Então, Mark Zuckerberg se mudou para lá. Desde sua chegada, há 14 anos, a tranquilidade do bairro de Crescent Park e até mesmo muitos de seus vizinhos atuais desapareceram. Os moradores quase nunca veem o fundador do Facebook, agora com uma fortuna estimada em cerca de US$ 270 bilhões, mas sentem sua presença todos os dias.

Zuckerberg usou a Edgewood Drive e a Hamilton Avenue como um tabuleiro de jogo de Banco Imobiliário, gastando mais de US$ 110 milhões para adquirir pelo menos 11 casas. Ele ofereceu aos proprietários até US$ 14,5 milhões, o dobro ou até o triplo do valor das casas.

Vários de seus imóveis estão vazios em um mercado imobiliário notoriamente concorrido. Ele transformou cinco desses imóveis em um condomínio com uma casa principal para ele, sua esposa, Priscilla Chan, e suas três filhas, além de casas de hóspedes, jardins exuberantes, uma quadra de pickleball (modalidade semelhante ao tênis, mas jogada com uma bola de plástico perfurada) e uma piscina, que pode ser coberta.

O complexo é cercado por uma fileira alta de árvores. Um dos prédios desocupados é usado para entretenimento e como palco para festas ao ar livre. Outro imóvel tem sido usado nos últimos anos como escola particular para 14 crianças, embora esse não seja o uso permitido para uma casa no bairro, segundo o código municipal.

Batcaverna de bilionários

Sob o complexo, Zuckerberg adicionou 650 metros quadrados de espaço — áreas cavernosas chamadas de porões, mas que seus vizinhos chamam de bunkers ou até mesmo de "batcaverna de bilionários". A obra levou a oito anos de construção, enchendo as ruas com equipamentos enormes e muito barulho.

Zuckerberg também impôs níveis intensos de vigilância ao bairro, incluindo câmeras posicionadas em suas casas com vista para as propriedades de seus vizinhos. Ele tem uma equipe de seguranças particulares que ficam em carros, filmando alguns visitantes e perguntando a outros o que estão fazendo enquanto caminham pelas calçadas públicas.

Aaron McLear, porta-voz de Zuckerberg e Chan, disse que o casal se esforçou para fazer o que era certo pelos vizinhos. A Meta exige segurança pesada para seu diretor executivo, disse ele. As câmeras não são direcionadas aos vizinhos e eles as ajustam quando solicitados, disse ele. A equipe da família avisa os vizinhos sobre eventos potencialmente perturbadores e fornece o número de telefone de um contato para relatar problemas, disse ele.

— Mark, Priscilla e seus filhos fazem de Palo Alto seu lar há mais de uma década. Eles valorizam ser membros da comunidade e tomaram uma série de medidas que vão além de quaisquer exigências locais para evitar perturbações no bairro — disse McLear.

A expansão de Zuckerberg em Crescent Park foi revelada por meio de entrevistas com nove vizinhos, sete dos quais não se manifestaram publicamente por medo de retaliações, bem como por uma análise de alvarás de construção, declarações juramentadas, certidões de constituição de sociedades de responsabilidade limitada, escrituras de imóveis, gravações de reuniões da comissão local e e-mails entre vizinhos e autoridades municipais.

— Nenhum bairro quer ser ocupado. Mas foi exatamente isso que eles fizeram — disse Michael Kieschnick, cuja casa na Avenida Hamilton é delimitada em três lados por uma propriedade de Zuckerberg.

Demolição de casas e novas construções

Kieschnick e alguns de seus vizinhos estão irritados com Zuckerberg por assumir o controle do Crescent Park em vez de construir um complexo em uma cidade próxima com muito mais espaço. Mas eles também estão irritados com a cidade de Palo Alto. Em 2016, um conselho municipal importante rejeitou o pedido de Zuckerberg para construir um complexo, e ele o retirou.

Mas a cidade permitiu que ele o construísse mesmo assim, só que de forma mais lenta e fragmentada. A cidade tem sido informada há anos por vizinhos que Zuckerberg está administrando uma escola particular em uma casa, mas pouco fez para resolver o problema.

—Bilionários em todos os lugares estão acostumados a criar suas próprias regras — Zuckerberg e Chan não são únicos, exceto pelo fato de serem nossos vizinhos. Mas é um mistério por que a cidade tem sido tão irresponsável — disse Kieschnick.

Zuckerberg tem estado em uma grande onda de compra e venda de imóveis. Mas sua base de operações sempre foi Palo Alto. Sua entrada em Crescent Park começou em 2011, quando comprou uma casa de 520 metros quadrados na Edgewood Drive. A sociedade de patrimônio histórico local afirma que a casa é a mais antiga de Palo Alto. Ela fica a apenas 5 km da sede da Meta.

Os vizinhos ficaram preocupados quando Zuckerberg começou a comprar mais imóveis. Em 2012 e 2013, ele gastou mais de US$ 40 milhões comprando mais quatro casas que formam um L ao redor da sua primeira. Ele retomou sua onda de gastos em 2022, comprando mais seis casas, incluindo quatro nos últimos 15 meses. As compras passam despercebidas porque são feitas com sociedades de responsabilidade limitada. Zuckerberg geralmente exige que os vendedores assinem acordos de confidencialidade, disseram vizinhos que são amigos dos vendedores.

Em 2016, Zuckerberg solicitou permissão a Palo Alto para demolir as quatro casas que fazem fronteira com sua casa principal e reconstruí-las em um espaço bem menor, com porões amplos. As autoridades municipais aprovaram a proposta, mas, como a obra envolvia a construção de três ou mais imóveis simultaneamente, o código municipal exigia que o projeto fosse submetido ao Conselho de Revisão Arquitetônica de Palo Alto.

Peter Baltay, arquiteto de Palo Alto que na época era membro do conselho de revisão, disse que achou a proposta estranha, e então foi ao local para vê-la pessoalmente. Ele disse que um segurança o abordou e perguntou o que ele estava fazendo.

— Eu disse: estou parado na calçada, olhando este projeto para revisão.

Ele respondeu:

— Bem, agradeceríamos se você pudesse prosseguir. Fiquei bastante chocado com isso. É uma calçada pública! — lembrou Baltay.

Zuckerberg não compareceu à reunião, mas um arquiteto, um construtor e um arborista que ele havia contratado tentaram convencer o conselho de que não estavam removendo o estoque de moradias unifamiliares. O conselho não aceitou.

O conselho rejeitou o plano na época, mas Zuckerberg o seguiu adiante mesmo assim — só que mais lentamente, uma ou duas casas por vez, evitando voltar ao conselho de revisão. A cidade aprovou 56 licenças para as propriedades de Zuckerberg, mostra seu sistema de busca de licenças online.

Festas e presentes

Ao todo, foram oito anos de construção. Elas foram praticamente paralisadas nos últimos meses, mas os vizinhos esperam mais obras. Eles disseram que suas entradas de garagem foram bloqueadas, seus pneus furados por entulho e os retrovisores dos carros arrancados por equipamentos.

Ocasionalmente, vários caminhões chegam com um estrondo, entregando comida, decoração e móveis para festas. Às vezes, a rua fica bloqueada por dias, disseram os vizinhos. A hora da festa geralmente inclui serviço de manobrista para os convidados. A música costuma ser alta, o que às vezes leva a reclamações para a linha de atendimento não emergencial da polícia. Os vizinhos disseram que geralmente não recebem resposta.

Peter Forgie, advogado aposentado que mora em Crescent Park há 20 anos, disse que ele e seu parceiro têm há muito tempo uma política de portas abertas para seus vizinhos, recebendo-os e dando presentes quando as pessoas se mudam ou têm bebês. Nada disso funcionou com Zuckerberg.

— Tentamos trazê-lo para o grupo — disse Forgie.

A equipe de Zuckerberg fez algumas adaptações. Os seguranças agora sentam em veículos elétricos silenciosos, em vez de carros a gasolina mais barulhentos. Zuckerberg não comparece às festas de bairro anuais, mas enviou um carrinho de sorvete para a última. E sua equipe enviou presentes aos vizinhos quando o barulho ficou particularmente alto, incluindo garrafas de vinho espumante, chocolates e donuts. Uma entrega de presente memorável? Fones de ouvido com cancelamento de ruído.

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