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As chamadas ações reipersecutórias são aquelas em que se busca reaver um bem ou garantir direitos reais sobre ele (BrianAJackson/Thinkstock)
Publicado em 15 de maio de 2025 às 12h09.
Antes de fechar a compra de um imóvel, há um passo crucial que muitos ignoram: verificar se o bem está livre de ações judiciais e dívidas ocultas. A certidão de ações reipersecutórias e alienações serve exatamente para isso. Ela funciona como uma espécie de “raio-x jurídico” do imóvel, revelando se há litígios ou gravames que possam comprometer a propriedade.
Trata-se de um documento expedido pelo Poder Judiciário que aponta a existência ou não de processos judiciais envolvendo a posse ou a titularidade de um imóvel. As chamadas ações reipersecutórias são aquelas em que se busca reaver um bem ou garantir direitos reais sobre ele — como em casos de usucapião ou reintegração de posse.
Além disso, a certidão também informa sobre alienações, ou seja, transferências de propriedade ou garantias legais, como penhoras, hipotecas e alienações fiduciárias, que podem limitar o uso ou a venda do imóvel.
Ela pode ser negativa, quando não há registros, ou positiva, indicando pendências que devem ser consideradas com atenção na hora de negociar.A solicitação pode ser feita presencialmente no fórum da comarca onde o imóvel está registrado, junto ao setor de distribuição, que possui os dados mais atualizados sobre ações judiciais em trâmite. Outra opção é o Cartório de Registro de Imóveis, onde pode constar parte dessas informações, especialmente aquelas que já foram registradas na matrícula do imóvel.
Para emitir o documento, são exigidos RG, CPF ou CNH do solicitante e a matrícula atualizada ou escritura do imóvel. A certidão pode ser pedida também de forma online por meio de plataformas digitais de cartórios, o que facilita o processo para quem busca praticidade.
O prazo para emissão costuma variar entre 3 a 10 dias úteis e a validade da certidão gira em torno de 30 a 90 dias, dependendo da finalidade.
O principal diferencial da certidão está na sua função preventiva. Ela é capaz de antecipar problemas que poderiam surgir após a aquisição do imóvel, como a descoberta de um processo de usucapião em andamento ou uma penhora não quitada.
Isso evita que o comprador seja surpreendido por disputas ou tenha sua posse ameaçada no futuro, conferindo maior segurança jurídica à transação.
Para quem compra, a certidão é um escudo legal. Ela protege contra surpresas desagradáveis e dá base para tomar decisões com clareza. Para o vendedor, é uma forma de demonstrar a regularidade da situação do imóvel e aumentar a confiança na negociação.
Em operações com financiamento, o documento pode ser exigido pela instituição bancária como parte das garantias necessárias para a liberação do crédito.
Nem todas as informações judiciais constam na matrícula do imóvel de imediato. Por isso, buscar a certidão no fórum pode revelar ações recentes ainda não registradas em cartório.
Também é importante verificar se há outras certidões complementares exigidas pela instituição financeira ou pela parte compradora — como a de ônus reais ou de quitação de IPTU.
Por fim, mesmo que a certidão tenha um custo, o investimento vale pela proteção que ela oferece em uma negociação que, muitas vezes, envolve a economia de toda uma vida.