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A Cyrela (CYRE3): Incorporadora reportou um lucro líquido de R$ 388 milhões no segundo trimestre de 2025. (Antonio Milena/Divulgação)
Repórter de Mercados
Publicado em 14 de agosto de 2025 às 19h45.
Última atualização em 14 de agosto de 2025 às 20h02.
A Cyrela (CYRE3) reportou lucro líquido de R$ 388 milhões no segundo trimestre de 2025, variação negativa de quase 6% na comparação anual e abaixo do consenso.
O principal fator para isso, segundo Miguel Mickelberg, CFO da Cyrela, é um evento atípico do segundo trimestre do ano passado, e não deste ano. “Em 2024 tivemos venda de ações da Cury que geraram lucro líquido de R$ 60 milhões. Tirando esse efeito, teríamos um crescimento no lucro líquido de 10%”, explica.
A receita líquida no período foi de R$ 2,1 bilhões, alta de 13% na comparação anual e em linha com o consenso. A margem bruta foi de 32,7%, 0,1 ponto percentual abaixo do segundo trimestre de 2024. As despesas comerciais da Cyrela somaram R$ 226 milhões no período, crescimento de 53% puxado pelo alto volume de lançamentos, montagem de estandes, mídia e manutenção de estoques de imóveis prontos.
Ainda de acordo com o balanço divulgado nesta quinta-feira, houve queima de caixa de R$ 392 milhões, ante R$ 61 milhões no mesmo período do ano passado. “Neste trimestre tivemos um desembolso alto em terrenos, cerca de R$ 480 milhões, bem maior do que a nossa média”, afirma Mickelberg.
Soma-se a isso o fato da companhia ter vendido mais estoque de projetos recentes do que prontos. Ao vender um imóvel pronto, a empresa recebe o valor total da venda imediatamente, gerando um fluxo de caixa rápido. Já quando a venda é de um imóvel mais novo, o cliente paga parcelado ao longo do tempo, fazendo o caixa da empresa crescer mais devagar, mesmo que o volume de vendas seja o mesmo. Além disso, o aumento no financiamento imobiliário também afetou a velocidade das vendas, deixando a projeção de caixa mais baixa do que o esperado.
Já o ROE da companhia ficou em 19,5%, aumento de 4 pontos percentuais em comparação com o mesmo período em 2024.
A participação do programa habitacional não é divulgada na última linha do balanço. No entanto, no lucro bruto, o MCMV representou 15%, ante 50% de Cyrela e 25% do segmento Living.
“Como o crescimento nesse segmento está acontecendo mais recentemente, isso leva um tempo até se materializar no resultado. Mas tivemos um ótimo desempenho, com a participação do Minha Casa, Minha Vida crescendo nas vendas totais da companhia. Com o tempo, isso se refletirá também no resultado financeiro”, afirma.
A companhia reportou crescimento de 176% no valor de venda (VGV) lançado, somando R$ 2,8 bilhões no segundo trimestre de 2025, com 17 empreendimentos lançados, ante nove no mesmo período de 2024.
As vendas líquidas foram de R$ 3,2 bilhões. Excluindo permutas e considerando apenas a participação da companhia, o valor chegou a R$ 2,2 bilhões, alta de 31% na comparação anual.
Do total vendido, R$ 1,24 bilhão foram no nicho de alta renda; R$ 701 milhões em renda média e R$ 1,32 bilhão em baixa renda.
Em relatório, analistas do BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da EXAME) afirmaram que, apesar do cenário macroeconômico desfavorável para construtoras de imóveis de médio e alto padrão, a Cyrela apareceu na prévia operacional como “clara superadora”.
Das vendas realizadas no trimestre, os lançamentos e o estoque em construção dividem as maiores participações, com 49% cada. O restante foi de imóveis que já estavam prontos.