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Distante de 'BC', prédio mais alto de Sinop terá fundação maior que a do Senna Tower

No interior do Mato Grosso, um empreendimento com ares de Balneário Camboriú: o Raízes terá 50 metros de fundação abaixo do solo para suportar um edifício de mais de 150 metros de altura

Projeto do edifício Raízes: empreendimento terá 42 andares e uma sustentação de 50 metros (São Benedito/Divulgação)

Projeto do edifício Raízes: empreendimento terá 42 andares e uma sustentação de 50 metros (São Benedito/Divulgação)

Letícia Furlan
Letícia Furlan

Repórter de Mercados

Publicado em 24 de setembro de 2025 às 06h00.

Em meio a um mar de soja, brota um edifício de 42 andares no centro de Sinop, no interior do Mato Grosso. O Raízes, como é chamado o empreendimento, tem 50 metros de estacas no subsolo que suportam os seus mais de 150 metros de altura. A responsável pelo projeto é a incorporadora São Benedito, umas das mais reconhecidas do Centro-Oeste.

Apesar de ter começou sua história em Cuiabá, ela vê futuro na "capital do Nortão".

“É uma cidade muito jovem, que está crescendo em um ritmo fora da curva. Antes, as pessoas dependiam de Cuiabá para serviços como faculdades e aeroporto, mas Sinop está se tornando um centro regional”, afirma Omar Maluf, CEO da incorporadora.

Sinop não tem nem 50 anos. O aeroporto da cidade, menos de 20, mas já se tornou o segundo maior do estado em movimentação de passageiros. E todo esse progresso tem seu vetor: a cidade entre as 100 mais ricas do agronegócio brasileiro.

Naturalmente, a verticalização de Sinop também está apenas no começo, com uma mudança cultural em curso entre os fazendeiros.

“Eles estão começando a preferir apartamentos a casas grandes em Sinop, buscando conveniência, segurança e menos despesas com manutenção", diz Maluf. Para atender a essa demanda e à cultura local que valoriza o espaço, a empresa desenvolveu plantas de apartamentos com características de casa suspensa, incluindo varandas de 30 m². O menor apartamento do Raízes tem 194 m². O maior, 766 m².

Desafios de um solo fértil

Raízes, empreendimento da São Benedito, em Sino, Mato Grosso

Raízes, empreendimento da São Benedito, em Sinop, Mato Grosso, terá fundação de 50 metros de profundidade (São Benedito/Divulgação)

Construir prédios altos em Sinop apresenta alguns desafios, entre eles o solo. Ótimo para a plantação de soja, ele não desempenha tão bem assim quando o assunto é construção civil.

Não à toa, foi necessária uma fundação de 50 metros de profundidade e orçada em mais de R$ 10 milhões para trazer segurança ao prédio.

Para efeito de comparação, o Senna Tower, localizado em Balneário Camboriú — e que tem mais de 150 andares — tem uma fundação de 40 metros de profundidade.

É pela magnitude de suas medidas que o Raízes é considerado um marco inicial para a verticalização de Sinop, e espera-se que outras construtoras sigam o exemplo, já que a cidade está em franca expansão.

Sustentação financeira

Assim como a fundação do Raízes, o alicerce financeiro da São Benedito também é robusto. A incorporadora nasceu em 1983, mas sua história começa antes, com a chegada do imigrante libanês Samir Maluf ao Brasil na década de 1950.

Samir iniciou sua carreira no Brasil no comércio, sendo o primeiro a vender televisores na região de Cuiabá. Posteriormente, expandiu seus negócios para materiais de construção e, após construir alguns prédios, de fato deu início à incorporadora, que hoje é liderada por seus netos, Omar e Amir Maluf.

Desde sua criação, a São Benedito coloca em prática a estratégia de comprar 15% de seus próprios empreendimentos. “Cada prédio que a gente faz, deixamos nossos apartamentos ali para locar, para ser nosso patrimônio. E foi o que salvou a gente nesse momento de crise”, explica Amir, diretor da incorporadora.

Enquanto muitas empresas faliram no Brasil, o respaldo patrimonial da família evitou um “prejuízo gigantesco”, afirma o executivo. Isso não apenas garantiu acesso à crédito, mas também a entrega de obras, mesmo com vendas baixas.

Os bancos reconheciam o patrimônio robusto da empresa e seu baixo endividamento, ao contrário de outras empresas com grandes projeções, mas dívidas elevadas.

A retenção de ativos foi, ainda, uma estratégia para gerar liquidez, permitindo que, mesmo com dinheiro escasso em caixa, a construtora mantivesse sua saúde financeira e operacional.

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