Patrocínio:
Fernando Magalhães, FLG Realty: "Geralmente, as áreas que compramos para fazer galpões foram áreas rurais que a rodovia cortou" (Leandro Fonseca/Exame)
Repórter de Mercados
Publicado em 21 de agosto de 2025 às 13h50.
A FLG Realty nasceu de uma missão familiar ligada ao agronegócio. A família do CEO da empresa, Fernando Guimarães, possuía terras no Triângulo Mineiro, especificamente em Uberlândia. Com o crescimento e urbanização da cidade, os pedaços de terra passaram a estar no perímetro urbano, perdendo o apelo rural.
Para sanar essa a dor, Guimarães criou a holding especializada em inteligência imobiliária, que transformou as terras uberlandenses em bairros residenciais. “Faz muito tempo que a cidade perdeu essa vocação para o agronegócio. As regiões agrícolas que administramos estão no Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Sul do Tocantins, Oeste da Bahia e Sul do Piauí, na região do Matopiba”, explica.
A empresa administra ativos imobiliários familiares, fazendo a gestão estratégica, avaliando cada propriedade e desenvolvendo uma estratégia de uso para casa uma delas. No portfólio da FLG Realty, há cerca de R$ 4,8 bilhões em ativos relacionados às três famílias atendidas.
Identificando um solo fértil e um clima favorável, a empresa de Fernando Magalhães faz a ponte entre o proprietário da propriedade e grandes empresas, como a americana Carol e o Grupo Bom Futuro. Para estes grandes grupos, o arrendamento é muito mais vantajoso, já que um pedaço de terra fértil é muito caro.
“Em troca, como aluguel, eles pagam uma quantidade de sacas por hectare. Se uma área é arrendada para a produção de soja, o valor pago ao proprietário é em dinheiro, mas varia conforme a valorização do grão”, explica.
Todo o investimento, de irrigação até o armazenamento, é feito pela empresa que arrenda o terreno. Caso o inquilino queira mudar a cultura da terra, o valor do arrendamento também muda, conforme a cotação da nova commodity.
Embora algumas terras sejam mantidas para cultivo agrícola e arrendamento, a FLG também atua na identificação e mudança da vocação dos terrenos que administra.
Se um sítio ou fazenda se torna mais estratégico para outros fins devido ao crescimento urbano ou à instalação de infraestruturas, como anéis viários ou portos secos, a empresa pode transformá-lo em loteamentos, bairros planejados, condomínios ou galpões logísticos.
Apesar de as áreas agrícolas representarem 40% do portfólio da empresa em relação ao tamanho ocupado, os galpões logísticos despontam em faturamento. “Começamos nesse negócio há quatro ou cinco anos, mas em dois anos o faturamento já vai ter passado o de terrenos para o agronegócio. Já entendemos que nos próximos anos nosso principal negócio será a logística”, afirma.
Um caso simbólico foi em Sinop, Mato Grosso, onde um terreno, que antes servia ao agronegócio, se transformou em silos para a armazenagem de grãos após a construção de um anel viário que atravessava as plantações. Em 2018, esses silos foram vendidos para um fundo do Grupo Pátria.