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Usuários ficam sem transporte na estação de metrô Corinthians-Itaquera, na zona leste de São Paulo, Brasil, e tentam entrar em um ônibus lotado durante a parada do metrô em 18 de janeiro de 2018. A greve de 24 horas, segundo os sindicalistas, é contra a privatização das linhas 5-Lilas e 17-Ouro. (Foto de Fabio Vieira/FotoRua/NurPhoto via Getty Images) (Vieira/FotoRua/NurPhoto /Getty Images)
Repórter de Mercados
Publicado em 1 de novembro de 2025 às 06h00.
A ocupação presencial nos escritórios de São Paulo e do Rio de Janeiro voltou aos níveis mais altos desde o início da pandemia. Segundo levantamento da CBRE, multinacional do setor imobiliário, divulgado com exclusividade à EXAME, 90% das empresas na capital paulista e 86% na capital fluminense operam com mais de 71% de ocupação física em 2025.
A conclusão é baseada em dados de 964 edifícios monitorados e milhões de registros de transporte público.
Em São Paulo, o percentual de companhias com presença acima de 91% saltou de 42% para 65% em dois anos, reforçando a consolidação do modelo híbrido com maior peso presencial. No Rio, a alta foi ainda mais expressiva: de 49% para 81%. O crescimento é sustentado por melhorias nos imóveis, como certificações ambientais e ambientes colaborativos.
A CBRE também cruzou os dados com indicadores de mobilidade urbana. Em setembro, os ônibus de São Paulo transportaram 183,6 milhões de passageiros (83% do volume pré-pandemia), e o metrô teve média diária de 3,7 milhões de usuários em agosto (81% do patamar anterior à crise sanitária).
No Rio, o transporte por ônibus alcançou 66,3 milhões de usuários em julho (78%) e o metrô, 14,6 milhões em junho (73%).
A convergência entre alta ocupação e mobilidade em expansão indica que o retorno presencial não é mais uma tendência — é a nova estrutura.
E o cenário de recuperação também se reflete nos dados operacionais dos edifícios comerciais. Em São Paulo, a absorção líquida segue positiva há dez trimestres consecutivos. Embora a absorção bruta tenha desacelerado no terceiro trimestre de 2025, o acumulado anual já supera o de 2024.
A taxa de vacância geral se manteve estável, mas os edifícios A e A+ registraram queda de 0,6 ponto percentual, concentrando 59% das locações. A região da Marginal Pinheiros respondeu por 42% das decisões de locação no ano.
No Rio, a retomada é puxada por uma reorganização do portfólio corporativo, com maior concentração nos bairros centrais e na zona sul.
No terceiro trimestre, o mercado fluminense teve o maior volume de absorção bruta desde o quarto trimestre de 2022, mesmo com a entrega de novo estoque — algo que não ocorria há dez trimestres. A vacância caiu 0,5 ponto percentual no geral e 1,8 p.p. entre os edifícios A e A+.
Mais do que retorno físico, o movimento sinaliza uma mudança estrutural nas relações entre empresas e espaços corporativos. Modelos que combinam eficiência, flexibilidade e serviços se tornaram padrão. E, para isso, edifícios corporativos cada vez maiores são essenciais.
“A densidade dos escritórios ficou muito menor após a pandemia. Antes, havia uma média de 7 metros quadrados por estação de trabalho. A pandemia trouxe questões sanitárias, que impediam as pessoas de estarem fisicamente perto uma da outra, mas também a necessidade de ambientes de trabalho mais convidativos para convencer as pessoas a voltarem ao presencial”, explica Felipe Giuliano, diretor da CBRE.
Áreas de descanso e entretenimento e diferentes salas para reuniões e apresentações se tornaram o novo normal. Hoje, a densidade saltou para 10 a 12 metros quadrados por estação de trabalho.
O resultado é a demanda maior por lajes mais espaçosas. “O tempo de construir um novo escritório é muito maios do que o tempo que uma demanda demora para voltar. Até achar o terreno, aprovar o projeto e de fato construir, demora uns cinco ou seis anos. A velocidade de volta das empresas é dois a três anos. Empresas que querem lajes grandes têm que olhar a cidade toda, e não somente regiões específicas”, explica.