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O avanço da 'última milha': é isso que faz com que as entregas de Meli e Shopee sejam tão rápidas

Galpões localizados a menos de 15 quilômetros do centro de São Paulo têm sido cada vez mais disputados – e abrem espaço para retrofits de imóveis industriais

São Paulo: dentro do raio de 15 quilômetros, o maior ocupante é Mercado Livre, com quase 100 mil metros quadrados. (Montagem EXAME com elemento do Canva/Reprodução)

São Paulo: dentro do raio de 15 quilômetros, o maior ocupante é Mercado Livre, com quase 100 mil metros quadrados. (Montagem EXAME com elemento do Canva/Reprodução)

Letícia Furlan
Letícia Furlan

Repórter de Mercados

Publicado em 13 de agosto de 2025 às 11h35.

Última atualização em 13 de agosto de 2025 às 13h23.

Na corrida pela entrega mais barata, o mercado de imóveis voltados ao last mileou “última milha” — na capital paulista vem avançando na última década. Trata-se de galpões localizados no raio 15 quilômetros do centro cidade, representando a etapa final da cadeia de distribuição.

Em 2014, São Paulo contava com cerca de 870 mil metros quadrados, considerando galpões isolados e condomínios de galpões. Nos cinco anos seguintes, o estoque ficou praticamente estacionamento, com apenas 14 mil metros quadrados entregues. Veio a pandemia e, com ela, o boom do e-commerce: de 2020 até hoje, o volume saltou para 1,3 milhão de metros quadrados, impulsionado pela demanda por entregas rápidas e da busca pela proximidade aos grandes centros consumidores. Os dados são da Newmark e são divulgados com exclusividade pela EXAME.

Apesar de valioso, esse estoque é escasso: representa somente 6% do total estadual e 3% do total nacional. O segmento é dominado por condomínios de galpões modernos, que já respondem pelo maior volume de estoque e são altamente demandados, com vacância de apenas 6,5%.

No raio, o maior ocupante é Mercado Livre, com quase 100 mil metros quadrados. Em seguida vêm Shopee, com quase 60 mil metros quadrados, e JBS, com 54 mil metros quadrados.

Retrofits como caminho viável

Fora dos condomínios, há 39 galpões 'isolados' ou avulsos, totalizando 568 mil metros quadrados. A maioria foi construída para uso industrial e tem características técnicas defasadas — pé-direito baixo, baixa capacidade de piso, relação de metros quadrados por docas insuficiente e ausência de pátio de manobra.

Nestes imóveis, a vacância chega a 19%, acima da vacância média total 11,8% no raio 15 quilômetros, e ainda maior quando comparado com a vacância de condomínios de galpões modernos.

Isso abre margem para a modernização e retrofit desses ativos, para adequá-los aos padrões atuais. Assim eles poderiam competir com empreendimentos de padrão AAA, que chegam a valores de locação de R$ 50 por metro quadrado ao mês, acima da média de R$ 36,44.

“O desafio para atender à demanda crescente pelo last mile em São Paulo é ampliar e qualificar a oferta dos empreendimentos dentro do perímetro urbano. A modernização dos galpões isolados é um caminho para aproveitar localizações estratégicas na cidade e atender aos padrões exigidos pelo mercado, em conjunto com a velocidade e eficiência logística”, afirma Mariana Hanania, head de pesquisa e inteligência de mercado da Newmark.

Hoje, a Zona Oeste concentra o maior volume de estoque de galpões, beneficiada por infraestrutura e acessos estratégicos — como as marginais, avenidas arteriais e o Rodoanel — e abriga a maioria dos empreendimentos mais modernos. Nessas áreas, a vacância é de 10,4%, concentrada, em sua maior parte, em galpões isolados.

Já as Zonas Leste e Sul possuem menor estoque e vacância restrita a imóveis isolados, com condomínios praticamente integralmente ocupados.

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