Patrocínio:
(Germano Lüders /Exame)
Repórter de Mercados
Publicado em 15 de julho de 2025 às 11h18.
Após divulgar sua prévia operacional na véspera, as ações da MRV (MRVE3) caíam 6,5%, liderando as perdas do Ibovespa na manhã de hoje. A companhia reportou uma geração de caixa de R$ 136,4 milhões no segundo trimestre.
O saldo positivo, no entanto, foi puxado por Resia, que gerou US$ 39,3 milhões entre abril e junho deste ano, graças principalmente à sua estratégia de venda de ativos, enquanto o principal negócio, de incorporação no Brasil queimou caixa, com velocidade de vendas abaixo do esperado.
Principal negócio do grupo, a MRV Incorporação, por outro lado, registrou queima de caixa de R$ 54,1 milhões no trimestre.
Para analistas da XP Investimentos, os dados operacionais foram “ligeiramente positivos”. Isso devido à melhoria no fluxo de caixa livre impulsionada pelo melhor desempenho da Resia graças à venda de ativos e à redução do capex de desenvolvimento.
“No entanto, esse momento positivo é parcialmente contrabalançado por níveis de velocidade de vendas ainda abaixo das médias trimestrais recentes e queima de caixa contínua na MRV Incorporação”, advertiram os analistas do banco.
Já analistas do BTG Pactual (do mesmo grupo controlador da EXAME) consideraram os resultados mistos. “Acreditamos que a recuperação da MRV está demorando mais do que inicialmente esperávamos, o que significa que o impulso no curto prazo deve continuar fraco”, afirmaram.
A Resia contribuiu para o bom resultado de geração de caixa. A subsidiária da MRV nos Estados Unidos teve um saldo positivo de US$ 39,3 milhões entre abril e junho deste ano, seguindo a estratégia de venda de ativos no exterior, revertendo a queima de US$ 65,9 milhões registrada no mesmo período do ano passado.
Já a Urba, focada em loteamentos e bairros planejados, teve geração de R$ 8,7 milhões de caixa. A Luggo, concentrada na locação de imóveis residenciais, queimou R$ 30,1 milhões.
A MRV Incorporação, principal negócio do grupo, ainda registrou uma queima de caixa de R$ 54,1 milhões no trimestre.
Em relatório divulgado ao mercado, a MRV afirma que a queima de caixa no período pode ser atribuída a alguns fatores.
O primeiro foi uma mudança de procedimento na Caixa Econômica Federal, que passou a liberar os recursos apenas após o registro dos contratos — o que gerou um impacto negativo de R$ 45 milhões. O segundo envolve entraves com cerca de 1.324 unidades que, embora vendidas, não puderam ser repassadas aos bancos, não sendo reconhecidas como receita.
Sem esses impactos, a geração de caixa do trimestre seria de R$ 88 milhões, informou a companhia.
Os lançamentos da MRV Incorporação somaram R$ 3,4 bilhões em Valor Geral de Vendas (VGV) no segundo trimestre de 2025, o que representa um crescimento de mais de 54% em relação ao mesmo período de 2024.
No semestre, o VGV atingiu R$ 6,3 bilhões, com alta de 65,5% frente ao primeiro semestre do ano passado.
Entre abril e junho de 2025, as vendas líquidas chegaram a R$ 2,6 bilhões, marcando um aumento de 5,8% em comparação com o segundo trimestre de 2024 e de quase 24% em relação ao trimestre anterior.
No entanto, o número poderia ter sido ainda maior, caso não houvesse cerca de R$ 310 milhões não contabilizados devido a unidades não transferidas aos bancos.
No acumulado de janeiro a junho de 2025, as vendas líquidas totalizaram R$ 4,8 bilhões, com um aumento de quase 4% em relação ao mesmo período de 2024.
A produção de unidades também subiu 11% no comparativo anual, totalizando 9.872 unidades, mas a velocidade de vendas (VSO) registrou queda de 9,4 pontos percentuais (p.p) no segundo trimestre, para 25%. No semestre, o VSO ficou em 40%, o que representa uma redução de 13,9 p.p em relação ao primeiro semestre de 2024.