Mercado Imobiliário

Patrocínio:

Design sem nome (3)

Visitamos o casarão centenário que foi sede do Dops e agora é 'marco zero' de empreendimento de luxo

Palacete Piauí em Higienópolis, bairro nobre de São Paulo, foi restaurado e abre as portas para visitas guiadas; em seu entorno, duas torres com mais de 20 andares serão erguidas

Palacete Piauí: Construído entre 1916 e 1918, no auge do ciclo do café paulista, o casarão reflete a transição de São Paulo de um cenário rural para um centro urbano em expansão (Sergio Israel/Divulgação)

Palacete Piauí: Construído entre 1916 e 1918, no auge do ciclo do café paulista, o casarão reflete a transição de São Paulo de um cenário rural para um centro urbano em expansão (Sergio Israel/Divulgação)

Letícia Furlan
Letícia Furlan

Repórter de Mercados

Publicado em 30 de setembro de 2025 às 10h19.

Última atualização em 30 de setembro de 2025 às 11h01.

Na esquina da Rua Piauí com a Rua Itacolomi, em Higienópolis, um casarão centenário já testemunhou muito da história de São Paulo. Agora, está no centro da verticalização dos grandes centros da cidade.

A propriedade, com cerca de 600 metros quadrados de área construída, manterá a arquitetura original. No entanto, parte do que foi o quintal e da área de serviço do imóvel será ocupada por duas torres residenciais de 20 andares da Helbor, em parceria com a MPD Engenharia.

O primeiro edifício, de alto padrão, terá 40 unidades de 254 metros quadrados. O segundo é de apartamentos com metragem reduzida. Terá 96 unidades com 28 metros quadrados, na média.

“Após 20 anos sem uso, com manutenção precária, o Palacete Piauí é, hoje, uma propriedade privada e tombada. E as incorporadoras têm orgulho de ter investido em seu restauro, devolvendo à cidade um pouco de sua história — uma vez que esta é uma das últimas construções remanescentes do loteamento que deu origem ao bairro há mais de um século”, escreveram Helbor e MPD.

O restauro está a cargo do Estúdio Sarasá. Para isso, foram investidos R$ 10 milhões.

Restauro do Palacete Piauí

Restauro do Palacete Piauí (Estúdio Sarasá/Divulgação)

“Desde 2003, o casarão estava abandonado e sem função social. Os prédios serão construídos ao redor do imóvel porque isso é o natural e inerente a uma cidade. A arquitetura e o urbanismo estão em constante mudança”, explica Antonio Sarasá, sócio da empresa de restauração que leva seu nome.

O processo de restauração durou cerca de três anos de projeto e dois anos de obras, envolvendo a recomposição detalhada de fachadas, interiores e acabamentos originais, como vitrais, escadas em mármore, corrimões de ferro e entalhes em madeira.

História de altos e baixos

O Palacete Piauí foi construído entre 1916 e 1918, no auge do ciclo do café paulista. Pertenceu à família de José Martiniano Rodrigues Alves, apesar de o ex-presidente jamais ter vivido no local.

Por volta de 1945, a viúva de José Martiniano vendeu a propriedade ao IAPAS (Instituto de Assistência Médica e Previdência Social) —o atual INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) — que passou a abrigar ali diferentes instituições públicas.

O imóvel serviu como unidade da Polícia Federal por quase 40 anos, até 2003. E durante o governo dos militares, sediou a Divisão de Ordem Política e Social (Dops).

Durante a gestão de Fernando Haddad na prefeitura de São Paulo, cogitou-se transformar o imóvel em um museu voltado aos direitos humanos, mas a proposta acabou não indo adiante.

O Palacete Piauí está tombado desde 2012, mas, antes disso, quase foi demolido no final da década de 1990 quando foi adquirido pela Encol, uma das principais construtoras do Brasil na época.

A empresa, no entanto, faliu pouco depois da transação, e o casarão voltou a pertencer ao INSS por conta de uma dívida que a incorporadora tinha com o órgão.

Em 2018, ele foi a leilão com um lance inicial de R$ 14,7 milhões, mas foi arrematado por um valor bem superior, de R$ 26 milhões. Posteriormente, foi adquirido pela Helbor em conjunto com a MPD.

A construção das torres no entorno do imóvel é uma ideia que não agrada parte da população do bairro. De acordo com moradores que participaram recentemente de uma manifestação contra a construção, os novos prédios vão “sufocar” o casarão.

À EXAME, as incorporadoras afirmaram que respeitam as manifestações e compreendem serem motivadas por um apreço ao bairro e sua origem.

Elas argumentam que a ideia é, justamente, preservar a história do casarão e fazer com que ele seja um ponto de resistência e contraste em meio à modernização, com o "novo e o antigo convivendo em harmonia".

Agora em outubro e até novembro, o imóvel será aberto para visitas guiadas. Depois, o espaço terá vai sediar uma atividade privada. Entre as prováveis vocações para o casarão, estão restaurantes, livrarias, cafés e até galerias de arte.

Acompanhe tudo sobre:São Paulo capitalHistóriaCaféMercado imobiliário

Mais de Mercado Imobiliário

Moura Dubeux e Direcional vão desenvolver imóveis para média e baixa renda em parceria

O condomínio pode me proibir de usar drones nas áreas comuns?

Como pedir para o condomínio instalar placas solares no prédio

Senna Tower terá estrutura de aço de alta resistência usado pela primeira vez no Brasil