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A disputa entre China e Holanda que preocupa montadoras europeias

Empresa de chips disputada por China e Holanda responde por 49% dos componentes eletrônicos usados na indústria automotiva europeia

Publicado em 1 de novembro de 2025 às 14h26.

A disputa entre China e Holanda por uma empresa de chips ganhou um novo capítulo neste sábado. O Ministério do Comércio da China afirmou que estuda derrubar a proibição da exportação de determinados chips da Nexperia para a Europa.

A proibição, adotada em meio a uma disputa com as autoridades holandesas, gerou apreensão na indústria automotiva global. Segundo o jornal financeiro alemão Handelsblatt, a empresa responde por 49% dos componentes eletrônicos usados na indústria automotiva europeia.

A Nexperia foi adquirida em 2018 por uma empresa chinesa. No fim de setembro, porém, o governo holandês assumiu o controle da companhia, alegando razões de segurança nacional. Em resposta, Pequim suspendeu a reexportação dos produtos da empresa para a Europa.

A unidade chinesa da fabricante holandesa foi proibida de enviar remessas de semicondutores que eram embalados no gigante asiático. A empresa fabrica componentes considerados simples — como diodos, reguladores de tensão e transistores —, mas essenciais para o setor automotivo.

“Vamos analisar cuidadosamente a situação real das empresas e conceder isenções às exportações que atendam aos critérios”, afirmou um porta-voz do ministério em comunicado oficial.

Apesar da sinalização para um desfecho positivo, o governo chinês criticou “a interferência inadequada do governo holandês nos assuntos internos das empresas”, o que, segundo Pequim, levou “ao caos atual na cadeia de suprimentos global”.

Montadoras de olho

A Alemanha, maior potência automotiva da Europa, com marcas como Volkswagen, Mercedes-Benz e BMW, classificou os sinais vindos da China como “positivos”.

“As últimas notícias constituem indícios iniciais de uma redução das tensões”, disse um porta-voz do Ministério da Economia alemão à AFP, ressaltando, porém, que ainda é preciso uma “avaliação completa” das implicações do anúncio.

No mês passado, a ACEA, associação europeia que representa a indústria automotiva, alertou que a produção seria severamente afetada. “Sem esses chips, os fornecedores europeus não conseguem fabricar as peças e componentes necessários para abastecer as montadoras”, afirmou a entidade.

Segundo o Wall Street Journal, a retomada dos envios de chips faz parte de um acordo comercial firmado entre o presidente chinês, Xi Jinping, e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, após negociações realizadas na Coreia do Sul na última quinta-feira.

Embora amplamente utilizados, os chips da Nexperia não são “exclusivos” em termos de tecnologia e podem ser “facilmente substituídos”, segundo a fabricante francesa de autopeças OPmobility.

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