Agência de Notícias
Publicado em 21 de outubro de 2025 às 07h57.
A assinatura de um acordo de swap cambial de US$ 20 bilhões nesta segunda-feira entre Argentina e Estados Unidos não conseguiu conter a urgência dos argentinos em comprar dólares diante dos temores de uma nova desvalorização da moeda após as eleições legislativas do próximo domingo.
Com uma demanda constante, o dólar se valorizou 1,35% nesta segunda-feira no estatal Banco Nación, sendo cotado a 1.495 pesos para venda ao público — o valor mais alto em um mês. No mercado atacadista, a cotação subiu 24 pesos, para 1.474 pesos por unidade.
No mercado informal de divisas, a taxa de câmbio paralela, conhecida como blue, o dólar saltou 30 pesos, para 1.505 pesos para venda.
"A demanda por proteção continua sustentada. Depois do pleito chegará a hora da verdade", afirmou o economista Gustavo Ber, que prevê dois cenários: ou a "onda dolarizadora" diminui com um ambiente político mais estável, ou o regime cambial precisará mudar.As diversas cotações do dólar voltaram a subir apesar de o Banco Central da República Argentina ter anunciado, logo no início das operações desta segunda-feira — após semanas de negociações —, a assinatura de um acordo de estabilização cambial com o Tesouro dos Estados Unidos de até US$ 20 bilhões.
A autoridade monetária argentina informou que o acordo permitirá fortalecer a liquidez de suas reservas e ampliar a capacidade de resposta à volatilidade nos mercados cambial e de capitais.
O acordo faz parte da assistência financeira prometida pelo presidente americano Donald Trump ao presidente argentino, o ultraliberal Javier Milei.
Nos últimos dez dias, o Tesouro americano comprou pesos argentinos para conter a pressão cambial, mas a medida não conseguiu estancar a dolarização de carteiras."Nem mesmo a intervenção do Tesouro americano consegue frear totalmente a dolarização. O mercado se prepara para reações possivelmente exageradas. Vem aí uma semana intensa e dominada por uma única consigna: mais demanda de dólares e menos margem para erros", afirmou a empresa Portfolio Personal Inversiones em relatório.
Milei, que assumiu a presidência no fim de 2023, conseguiu recuperar o equilíbrio fiscal e desacelerar a inflação, mas seu programa não tem conseguido acumular reservas líquidas. A atividade econômica segue estagnada, e boa parte dos argentinos enfrenta dificuldades para cobrir gastos básicos.
"A Argentina está lutando pela vida. Não tem dinheiro, está lutando com todas as suas forças para sobreviver (...) Está morrendo", declarou Trump no domingo, em frase que repercutiu fortemente no país.
Como parte de sua estratégia para conter a inflação, Milei tem sustentado artificialmente o valor do peso, mas ao custo de perder bilhões de dólares do Tesouro e do Banco Central nos últimos meses.
As reservas brutas do Banco Central somam US$ 41,315 bilhões, mas as líquidas seriam de apenas US$ 6 bilhões, segundo estimativas privadas.A ajuda prometida por Trump inclui negociações com bancos internacionais e fundos soberanos, coordenadas pelo Tesouro americano, para formar um fundo adicional de US$ 20 bilhões destinado a garantir os pagamentos da dívida argentina em 2026.