Agência de notícias
Publicado em 17 de abril de 2025 às 09h03.
Os advogados que representam a ex-primeira-dama do Peru Nadine Heredia, condenada em seu país pela prática de caixa-dois envolvendo a empreiteira Odebrecht e que recebeu asilo diplomático do Brasil, disseram nesta quarta-feira que seu processo "se assemelha" aos que levaram à condenação, posteriormente anulada, do presidente Luis Inácio Lula da Silva (PT).
— O processo foi embasado em provas reconhecidamente anuladas aqui no Brasil. Não teve cadeia de custódia, não se respeitou o devido processo legal e, por isso, não o consideramos confiável. Também se fiaram na palavra de delatores que muito se beneficiaram dos acordos que fizeram no Peru, puderam levar patrimônio expressivo para fora do país e não apresentaram uma única prova de corroboração sequer, a não ser folhas de papel — afirmou o advogado Leonardo Massud.
Nadine chegou a Brasília na manhã desta quarta-feira, um dia após ter sido condenada junto ao marido, o ex-presidente peruano Ollanta Humala, a 15 anos de prisão por lavagem de dinheiro em um processo relacionado à prática de caixa-dois envolvendo a empreiteira Odebrecht. Da capital, veio para São Paulo. O avião que a trouxe pousou em Congonhas às 20h30 e ela saiu sem falar com a imprensa. A ex-primerira-dama do Peru recebeu asilo diplomático no Brasil e deve ficar na capital paulista. Ollanta está preso em uma base policial de Lima.
Massud avalia que a Operação Lava-Jato no Peru “mimetizou” os promotores do Brasil, e reclamou que a Justiça peruana “ignorou” decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) brasileiro que reconheceu a nulidade de provas colhidas no Brasil, ainda que referentes a atos cometidos em outros países.
De acordo com o advogado Marco Aurélio de Carvalho, que também a representa, Nadine Heredia está tratando um câncer e obteve salvo-conduto do governo da presidente Dina Boluarte para sair do Peru e se tratar no Brasil.
A ex-primeira-dama foi acusada de atuar ativamente em atividades ilícitas do Partido Nacionalista Peruano, fundado por ela e pelo marido. Ela nega as acusações. O casal, segundo a acusação, teria utilizado recursos ilícitos da Odebrecht e do governo venezuelano, à época comandado por Hugo Chávez, na campanha presidencial de 2011, quando Ollanta derrotou Keiko Fujimori, filha do ex-presidente Alberto Fujimori.