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Agricultores franceses protestam em Versalhes contra acordo UE-Mercosul

Governo e Comissão Europeia buscam medidas de salvaguarda para acalmar o setor agrícola

AFP
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Agência de notícias

Publicado em 26 de setembro de 2025 às 08h24.

"A revolta camponesa é retomada em Versalhes". Quase 100 agricultores protestaram nesta sexta-feira, 26, diante do famoso palácio francês contra o projeto de acordo comercial entre União Europeia (UE) e Mercosul, como parte de uma jornada de mobilização.

Convocados pelo principal sindicato agrícola do país, FNSEA, e seus aliados dos Jovens Agricultores, dezenas de trabalhadores rurais, com 15 tratores, se posicionaram na entrada do palácio, onde acenderam uma fogueira e sinalizadores verdes.

Os agricultores e pecuaristas franceses temem que seu mercado seja inundado com carne, açúcar ou arroz provenientes da Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai, no âmbito do acordo UE-Mercosul, cujo processo de ratificação foi iniciado pela Comissão Europeia em setembro.

Objetivo da mobilização

"O objetivo da mobilização é, evidentemente, chamar a atenção do chefe de Estado, Emmanuel Macron, que deve "agir"", declarou o líder do FNSEA, Arnaud Rousseau.

As autoridades esperam quase 3.000 participantes em 70 ações organizadas em todo o país. O sindicato agrícola Confederação Camponesa, o terceiro maior do setor, convocou um protesto com tratores em Paris no dia 14 de outubro.

Pascal Verriele, de 56 anos e membro do FNSEA, afirmou que tem a sensação de estar "no fundo do poço" após 40 anos trabalhando no setor.

"Não tenho mais visibilidade, nem margem de manobra", lamentou o agricultor.

"Há o Mercosul, as cotas de importação isentas de tarifas concedidas à Ucrânia. Tudo isso desestabiliza as nossas fazendas", acrescentou.

Os agricultores e pecuaristas já protagonizaram grandes protestos em 2024 contra a situação do setor. O governo prometeu várias medidas na ocasião, como a eliminação do aumento do preço do diesel de uso agrícola, subsídios ou menos trâmites burocráticos.

Reações da União Europeia e próximos protestos

A Comissão Europeia prometeu completar o tratado do acordo UE-Mercosul com um "texto jurídico" que reforce as medidas de salvaguarda em caso de impacto sobre os produtos europeus, com a esperança de tranquilizar a França.

Mas os sindicatos agrícolas franceses não estão convencidos e ameaçam convocar novos protestos durante o inverno (hemisfério norte, verão no Brasil), "quando a situação do trabalho nos campos permitir", advertiu Rousseau.

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