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Amazon, Microsoft e outras big techs alertam funcionários com visto H-1B a voltarem para os EUA

Recomendações foram feitas após Trump impor uma taxa de US$ 100 mil para as solicitações do programa

Mateus Omena
Mateus Omena

Repórter

Publicado em 20 de setembro de 2025 às 17h14.

Última atualização em 20 de setembro de 2025 às 17h21.

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Funcionários de grandes empresas de tecnologia e finanças, detentores de vistos H-1B, foram orientados a permanecer nos Estados Unidos e aqueles que estão fora do país a regressar. As recomendações ocorrem após a ordem executiva do presidente Donald Trump que exige taxa de US$ 100.000 (pelo menos R$ 520 mil) para cada solicitação de visto H-1B. Essa categoria é destinada a profissionais estrangeiros de alta qualificação contratados por empresas norte-americanas.

Empresas como Amazon, Microsoft, JPMorgan e Meta estão entre as afetadas pela medida assinada nesta sexta-feira, 19. Neste sábado, 20, a Casa Branca informou que a medida se aplica somente aos novos pedidos.

A ordem, que começa a valer às 00h01 (horário do leste) de 21 de setembro, também impede que trabalhadores com visto H-1B reegressem ao país após essa data, a menos que seus empregadores paguem a taxa.

A Amazon emitiu uma orientação interna, divulgada pouco antes das 21h de sexta-feira, aconselhando seus funcionários: "Se você tem visto H-1B e está nos EUA: permaneça no país, mesmo que tenha planos de viagem imediata". No texto, a companhia também recomenda: "Se você está fora dos EUA com visto H-1B ou H-4, tente retornar antes do prazo de amanhã, se possível."

Além disso, a Amazon orientou que quem não conseguisse retornar antes do prazo deveria evitar retornar aos EUA até que novas instruções fossem divulgadas. A varejista registrou mais de 9 mil colaboradores com visto H-1B em 2024, de acordo com dados do Serviços de Cidadania e Imigração dos EUA (USCIS, na sigla em inglês) fornecidos ao Business Insider.

Outros gigantes como Microsoft, Meta e JPMorgan Chase também emitiram diretrizes semelhantes para seus funcionários, segundo relatos enviados ao site de notícias.

Funcionários da Microsoft, por exemplo, compartilharam um memorando interno que orientava os trabalhadores com visto a permanecerem nos EUA por enquanto e a se esforçarem para retornar ao país antes do prazo. A empresa reconheceu que a ordem repentina poderia causar interrupções nos planos de viagem, mas ressaltou a importância de seguir as orientações para evitar a negação da reentrada.

A Meta e o JPMorgan até então não se manifestaram. De acordo com o Business Insider, JPMorgan foi a maior patrocinadora de vistos H-1B entre as empresas financeiras no ano passado, com quase 2.000 vistos, especialmente para cargos focados em desenvolvimento de software.

Um sabor amargo para as big techs

A medida implementada pela Casa Branca traz grandes desafios para o setor de tecnologia dos Estados Unidos, que depende de trabalhadores qualificados de fora com vistos H-1B. Empresas de tecnologia como Amazon, Microsoft, Alphabet, Meta e Apple são algumas das principais patrocinadoras desses vistos, usando o programa para preencher posições técnicas especializadas em meio à forte concorrência por talentos.

O governo afirmou que o objetivo da mudança é garantir que as empresas contratem somente trabalhadores estrangeiros considerados "muito valiosos", ao mesmo tempo em que as incentiva a treinar trabalhadores americanos.

"Ou a pessoa é essencial para a empresa e para os EUA, ou ela será substituída por um americano", declarou o Secretário de Comércio, Howard Lutnick, quando a ordem foi anunciada.

Os vistos H-1B tornaram-se um ponto de debate durante o segundo mandato de Trump. Enquanto Elon Musk e outros líderes do setor de tecnologia, próximos ao presidente, defendiam os vistos, outros apoiadores de Trump favoráveis a políticas mais restritivas de imigração também manifestaram apoio a essas regras.

Em dezembro, Trump comentou, em entrevista o jornal New York Post, que nunca teve problemas com os H-1B. "Tenho muitos vistos H-1B em minhas propriedades. Sou um defensor do H-1B. Já usei muitas vezes. É um excelente programa", disse Trump.

O que é o visto H-1B?

Para quem planeja se mudar para os Estados Unidos, o visto H-1B é uma categoria destinada para vagas que exigem mão de obra especializada em áreas como arquitetura, engenharia, matemática, ciências físicas, ciências sociais, medicina, saúde, educação, negócios, contabilidade, direito, teologia, artes, entre outras. É o visto de trabalho temporário mais popular no país.

De forma geral, o H-1B tem sido a principal opção para empresas americanas de tecnologia, especialmente no Vale do Silício, para a contratação de profissionais nas áreas de TI e programação, em razão da alta demanda global por essa mão de obra. Por essa razão, empresas como Amazon, Google, Microsoft, Facebook, IBM, Oracle e muitas startups estão entre os maiores patrocinadores do visto H-1B nos Estados Unidos.

Ao contrário dos vistos imigratórios, como os EB-1, EB-2 ou EB-3, o H-1B não concede automaticamente o green card ao seu portador devido à natureza temporária do trabalho que será realizado nos EUA. No entanto, o titular do visto pode ter a possibilidade de conseguir residência permanente, a depender das circunstâncias.

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