Trump e Starmer discutem segurança da Ucrânia em reunião na Casa Branca
Agência de notícias
Publicado em 27 de fevereiro de 2025 às 19h28.
Keir Starmer, seguindo os passos de Emmanuel Macron, foi à Casa Branca tentar convencer o presidente Donald Trump a não abandonar Kiev, mas saiu sem compromissos palpáveis. O líder britânico se encontrou com Trump com o objetivo central de garantir o apoio à Ucrânia, especialmente no que diz respeito à segurança do país.
Antes da reunião, Trump confirmou que assinará, na sexta-feira, um acordo com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, que incluirá a concessão de recursos minerais da Ucrânia aos EUA. No entanto, o republicano não mencionou as tão esperadas garantias de segurança que Kiev vem solicitando.
Ao lado de Starmer, em uma breve conversa com a imprensa, Trump reiterou que um plano de cessar-fogo deve passar pela Rússia, que é responsável pela invasão da Ucrânia iniciada há três anos. Ele disse acreditar que o presidente Vladimir Putin "cumprirá sua palavra" e não voltará a invadir a Ucrânia. Segundo Trump, antes de discutir o envio de uma força de manutenção de paz, como defendem os europeus, russos e ucranianos precisam suspender os combates.
“Como conversei com o primeiro-ministro Starmer, o próximo passo é chegarmos a um cessar-fogo”, afirmou Trump, destacando que há progresso nas conversas. “Acho que fizemos muito progresso e estamos avançando muito rápido. Ou será muito em breve ou não (acontecerá) de jeito nenhum”, disse.
Starmer, por sua vez, defendeu a parceria estratégica com os EUA e a intenção de participação britânica em uma força de paz na Ucrânia. Em um discurso contundente, o premier disse que "a História precisa estar ao lado daquele que faz a paz, não do invasor", um posicionamento claro em relação a Trump, que fez diversos acenos ao Kremlin.
Starmer, como o presidente francês Emmanuel Macron, também viajou a Washington para tentar convencer Trump a assumir um papel mais ativo na segurança da Europa após o fim da guerra na Ucrânia. No entanto, Trump deseja reduzir a presença militar americana no continente, e os líderes europeus não acreditam que possam garantir a segurança de Kiev sem o apoio da Casa Branca.
Na reunião, o premier britânico anunciou que o Reino Unido aumentará seus gastos com defesa, elevando-os dos atuais 2,3% do PIB para 2,5% em 2027 e até 3% na próxima década. Parte dessa verba virá da redução da ajuda internacional do Reino Unido, uma medida que irritou alguns setores de sua base, mas foi elogiada por Trump. Desde seu primeiro mandato, Trump tem sido crítico dos aliados da Otan por não gastarem o suficiente com defesa, um cenário que começou a mudar com a guerra na Ucrânia.
“Em um momento de perigo real ao redor do mundo, esse relacionamento importa mais do que nunca”, disse Starmer, ressaltando a importância da parceria EUA-Reino Unido. Trump, por sua vez, reiterou seu apoio ao Artigo 5 do Tratado do Atlântico Norte, que estabelece a obrigação de tratar um ataque contra um dos membros da Otan como um ataque contra todos. Durante a campanha presidencial, Trump havia evitado afirmar se cumpriria essa norma, mas, agora, disse apoiar a cláusula.
Trump também confirmou que, na sexta-feira, receberá o presidente Zelensky para assinar um acordo sobre a exploração de recursos minerais na Ucrânia, como titânio, lítio e elementos de terras raras, essenciais para indústrias estratégicas. Segundo Trump, o acordo criará um fundo administrado pelos EUA e pela Ucrânia para administrar esses recursos. O republicano afirmou que esse acordo é uma forma de "compensar" os bilhões de dólares em ajuda enviados por Washington à Ucrânia desde 2022.
“O presidente Zelensky virá me ver na sexta-feira e vamos assinar um acordo muito importante para ambos os lados”, disse Trump, destacando que empresas americanas querem explorar esses recursos.
No entanto, esse impasse sobre os minerais gerou tensões entre Trump e Zelensky, especialmente após o presidente americano chamar Zelensky de “ditador” em declarações recentes. Quando questionado, Trump pareceu esquecer a acusação e se mostrou mais conciliador.
Além disso, o que realmente chamou a atenção de Trump na conversa com Starmer foi o convite do Rei Charles III para uma visita oficial ao Reino Unido, que inclui uma estada em uma das propriedades reais na Escócia. Trump aceitou o convite, elogiando o monarca como “um homem lindo e um homem maravilhoso”, embora não tenha definido uma data para a viagem.