Christine Lagarde, presidente do Banco Central Europeu: economia da zona do euro mostra resiliência apesar das incertezas (Kirill KUDRYAVTSEV / AFP) (Photo by KIRILL KUDRYAVTSEV/AFP/Getty Images)
Redatora
Publicado em 21 de agosto de 2025 às 07h12.
O índice de atividade empresarial da zona do euro registrou em agosto o maior ritmo de expansão em 15 meses, impulsionado pelo fim de uma longa recessão na indústria, mesmo em meio às tarifas impostas pelos Estados Unidos.
O Índice de Gerentes de Compras (PMI) composto, compilado pela S&P Global, subiu de 50,9 em julho para 51,1, acima das expectativas de 50,6 dos analistas. Leituras acima de 50 indicam crescimento.
Enquanto os serviços perderam fôlego, em linha com as projeções, a manufatura surpreendeu: o PMI do setor avançou para 50,5, contrariando previsões de retração e registrando sua primeira expansão desde junho de 2022. A indústria da Alemanha também se aproximou do fim de uma queda de três anos.
“As coisas estão melhorando”, disse Cyrus de la Rubia, economista do Hamburg Commercial Bank, em entrevista à Bloomberg. “Apesar de ventos contrários como as tarifas dos EUA e a incerteza geral, as empresas em toda a zona do euro parecem estar lidando razoavelmente bem.”
Após a divulgação, o euro operava estável a US$ 1,1654, enquanto os títulos soberanos da região mantinham perdas, com o rendimento dos papéis alemães de 10 anos em alta de 0,02 ponto percentual, a 2,73%.
Os dados reforçam a percepção de resiliência da economia europeia diante de desafios como guerras e tensões comerciais. Também devem sustentar a visão de dirigentes do Banco Central Europeu (BCE) que defendem cautela antes de avançar em novos cortes de juros.
A presidente do BCE, Christine Lagarde, afirmou na quarta-feira que a tarifa americana de 15% sobre a maioria dos produtos da União Europeia, em vigor desde este mês, ficou um pouco acima das projeções da instituição em junho, mas bem abaixo do cenário mais severo considerado.
A zona do euro, composta por 20 países, cresceu 0,1% no segundo trimestre, bem abaixo da alta de 0,6% registrada no início do ano, impulsionada por compras antecipadas devido às tarifas. A inflação segue oscilando em torno da meta de 2% do BCE.
Analistas esperam que o banco mantenha a taxa em 2% na reunião de setembro, dando continuidade à pausa iniciada após um ciclo de cortes que durou um ano.