Agência de notícias
Publicado em 2 de julho de 2025 às 14h06.
Última atualização em 2 de julho de 2025 às 14h26.
O grupo terrorista Hamas indicou nesta quarta-feira, 2, que está disposto a aceitar um cessar-fogo com Israel, desde que o compromisso político leve a um fim definitivo do conflito na Faixa de Gaza.
Não está claro se a demanda, que inviabilizou tentativas anteriores de acordo, estaria incluída na proposta que o presidente americano, Donald Trump, anunciou na terça-feira que Israel teria concordado em assinar — embora integrantes do próprio Gabinete do primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, tenham se manifestado a favor de qualquer acordo que liberte os reféns que ainda estão no enclave palestino.
O porta-voz palestino Taher al-Nunu afirmou nesta quarta-feira a veículos internacionais que o Hamas está levando as negociações a sério e que o grupo estaria "pronto para aceitar qualquer iniciativa que claramente leve ao fim completo da guerra". Uma delegação do grupo se prepara para uma reunião com negociadores do Egito e do Catar ainda hoje para discutir a proposta na mesa.
O fim definitivo do conflito é um ponto crítico nas negociações entre Israel e Hamas, pois os dois lados do conflito colocam como inegociáveis pontos incompatíveis. Enquanto o grupo palestino exige que o acordo ponha fim à guerra e retire as tropas israelenses de Gaza de forma permanente, a liderança do Estado judeu definiu como meta a aniquilação do Hamas — o que algumas fontes israelenses afirmam que pode vir por meio de um acordo, desde que inclua a rendição e o desarmamento do Hamas, além do exílio das lideranças do grupo.
Um breve sinal de dentro do governo israelense, porém, surge durante as negociações atuais como um indício de que esta barreira pode ser superada.
O ministro das Relações Exteriores de Israel, Gideon Saar, afirmou nesta quarta-feira que o governo não deveria perder qualquer oportunidade de resgatar os reféns ainda presos no enclave palestino — em uma manifestação apontada por parte da imprensa israelense como uma pressão ao primeiro-ministro Benjamin Netanyahu a aceitar os termos que chegarem dos mediadores.
"Uma grande maioria do governo e da população é a favor do plano de libertação dos reféns. Se a oportunidade surgir, não a perca!", escreveu Saar em uma publicação na rede social X.
A manifestação de um integrante da alta cúpula do governo ocorre em um momento que membros da oposição na Knesset declaram publicamente que apoiariam o governo Netanyahu na decisão, mesmo que os partidos de coalizão de extrema direita que garantem maioria no Parlamento tentassem frustrar o acordo. O líder do Yesh Atid, Yair Lapid, entrou em contato com o premier e ofereceu apoio à medida, enquanto o presidente do Partido Azul e Branco, Benny Gantz, fez um anúncio público.
— Não há bloco no mundo que impeça o retorno dos reféns — disse em uma mensagem em vídeo publicada nas redes sociais. — Netanyahu, a política mesquinha não será um obstáculo para movimentos históricos. Você tem uma grande maioria para devolver os reféns, tanto entre a população quanto no Knesset.
A movimentação da oposição em prol da medida parece ser uma resposta a notícias de que o ministro da Segurança Nacional, Itamar Ben-Gvir, e o ministro das Finanças, Bezalel Smotrich, ambos de extrema direita, estariam formando uma frente unificada para frustrar um acordo.
Israel e Hamas já estiveram diante de propostas que mediadores afirmaram estar pré-acordadas com as partes nos últimos meses, mas divergências sobre o fim do conflito acabaram impedindo avanços. Mesmo o acordo obtido em janeiro, que possibilitou o retorno de mais de uma dezena de reféns, incluindo militares israelenses, foi rompido por Israel no momento em que as tratativas deveriam seguir em direção a um fim da guerra.
Embora nenhum texto oficial tenha sido divulgado até o momento, os termos apontados por fontes ouvidas pela imprensa internacional desde o anúncio de Trump não traria grandes mudanças com relação aos planos rejeitados nos últimos meses — tratando-se de um cessar-fogo preliminar de 60 dias, durante os quais seriam libertados dez reféns ainda vivos, assim como os corpos de alguns dos sequestrados que morreram no cativeiro em Gaza, em troca de um número de palestinos detidos por Israel. Após o período inicial, uma trégua mais ampla, com o retorno de todos os reféns, entraria em vigor.
Uma fonte israelense ouvida pelo jornal Haaretz afirmou que o último esboço do acordo ao qual o ministro israelense de Assuntos Estratégicos, Ron Dermer, deu uma resposta positiva aos EUA, não inclui um compromisso claro de encerrar a guerra. Todavia, ofereceria garantias mais firmes sobre a questão, em comparação aos textos anteriores.
O documento, ainda de acordo com a mesma fonte, afirmaria que se nenhum acordo for alcançado durante o cessar-fogo de 60 dias, os mediadores serão responsáveis por garantir que as negociações continuem "sob certas condições".
Netanyahu tem uma viagem oficial marcada para os EUA no sábado, com duração prevista de cinco dias. A previsão é de que os novos termos sejam discutidos por ele e por Trump.