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Após conversa com Putin, Trump diz que Rússia responderá aos ataques da Ucrânia

Ainda segundo o americano, apesar da 'boa conversa' com o presidente russo, um cessar-fogo do conflito ainda está distante de ser concretizado

Agência o Globo
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Publicado em 4 de junho de 2025 às 15h46.

Última atualização em 4 de junho de 2025 às 16h00.

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Depois de conversar com o presidente da Rússia, Vladimir Putin, o presidente americano, Donald Trump, disse que sua contraparte afirmou que responderá ao mega-ataque aéreo recente da Ucrânia, que atingiu pontos de leste a oeste do país, até a Sibéria, e deixou pelo menos 40 aeronaves russas em chamas no último domingo.

Ainda segundo Trump, apesar da "boa conversa" com Putin, um cessar-fogo do conflito ainda está distante de ser concretizado.

"Eu acabei de falar, por telefone, com o presidente Vladimir Putin, da Rússia. A ligação durou aproximadamente 1 hora e 15 minutos. Discutimos o ataque aos aviões russos, pela Ucrânia, e outros ataques que têm acontecido em ambos os lados. Foi uma boa conversa, mas não uma que levará à paz imediata. Presidente Putin disse, e firmemente, que ele terá de responder ao recente ataque nos campos de aviação", escreveu Trump na Truth Social.

Chamada de Operação "Teia de Aranha", o ataque ucraniano causou prejuízos bilionários a Moscou, sobretudo na Força Aérea russa. Segundo o Ministério da Defesa da Rússia, os drones ucranianos atacaram aeródromos em cinco regiões que se estendem por cinco fusos horários. Várias aeronaves pegaram fogo em Murmansk, na região ártica perto da fronteira com a Noruega, e Irkutsk, no leste da Sibéria, informou a pasta, que chamou a ação de "ataque terrorista". Ainda segundo as autoridades russas, outros bombardeios foram repelidos nas bases de Ivanono, em Ivanov, e Diagilevo, em Riazan, sem apontar qual seria a quinta base. Não houve vítimas, disseram.

Os ataques ucranianos abriram um debate nacional sobre qual deve ser a reação de Moscou para restabelecer sua imagem de soberania militar. Interlocutores russos afirmam que o ataque massivo deve ser interpretado pelo Kremlin como um sinal verde para o uso do arsenal nuclear do país — uma hipótese que foi aventada ao longo do conflito, mas sempre com um contorno maior de ameaça do que de execução.

Negociações travadas

A ofensiva da Ucrânia ocorreu às vésperas de os países se reunirem novamente em Istambul na segunda-feira para negociar um acordo de cessar-fogo e no mesmo dia em que Moscou realizou um megabombardeio com drones e atingiu uma base de treinamento militar ucraniana, matando pelo menos 12 soldados e ferindo mais de 60.

A reunião, que durou menos de 2 horas, não rendeu um acordo de cessar-fogo, mas as partes concordaram em trocar todos os seus prisioneiros de guerra gravemente feridos e os menores de 25 anos, além de 6 mil corpos de soldados de cada lado.

A delegação russa também apresentou aos ucranianos um memorando sobre "os meios para estabelecer uma paz duradoura" e as medidas necessárias "para alcançar um cessar-fogo abrangente", disse o negociador-chefe russo, Vladimir Madinsky. De acordo com o memorando, publicado por agências de notícias russas, Moscou pediu a Kiev que retirasse suas tropas das quatro regiões ucranianas cuja anexação a Rússia reivindica, como pré-condição para qualquer cessar-fogo abrangente.

Por sua vez, os ucranianos pressionam por uma trégua incondicional e imediata de 30 dias, tendo divulgado sua última proposta a Moscou nas negociações de paz em Istambul na segunda-feira. Eles também forneceram a Moscou uma lista de centenas de crianças que, segundo eles, foram "deportadas" pela Rússia e exigem sua repatriação.

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, criticou nesta quarta-feira as exigências da Rússia e lançou dúvidas sobre se as negociações em seu formato atual alcançariam algum resultado.

— Afinal, é um ultimato do lado russo para nós — disse Zelensky aos repórteres sobre as exigências russas.

O líder ucraniano disse que era "inútil" manter novas negociações com os delegados russos em sua posição atual — que ele anteriormente classificou como "cabeças vazias" — já que eles não conseguiam chegar a um acordo sobre um cessar-fogo. Em vez disso, ele renovou seu apelo para uma reunião com o colega russo Putin e o presidente dos EUA.

A Casa Branca disse no início desta semana que Trump estava "aberto" a uma reunião depois que os dois lados não conseguiram avançar em direção a um cessar-fogo.

Putin, por sua vez, imediatamente descartou a ideia de negociações diretas e rejeitou o apelo por um cessar-fogo incondicional.

— Por que recompensá-los dando-lhes uma pausa no combate, que será usado para bombardear o regime com armas ocidentais, continuar sua mobilização forçada e preparar diferentes atos terroristas — disse Putin em uma reunião televisionada. — Quem negocia com aqueles que apostam no terror?

Moscou e Kiev estão conversando sob pressão de Trump, cujo fim da guerra era uma de suas promessas de campanha. O americano já acusou ambos os lados de intransigência, tentando pressioná-los a negociar. Na semana passada, após um ataque russo a Kiev, Trump atacou duramente Putin, descrevendo-o nas redes sociais como "absolutamente LOUCO". Trump disse que estava considerando impor sanções adicionais a Moscou, mas ainda não tomou nenhuma medida.

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