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Após protestos, ex-premiê de Bangladesh enfrenta demandas por pena de morte

Procuradores a acusam de crimes contra a humanidade, e exigem responsabilidade pelas 1,4 mil vidas perdidas durante os protestos da Gen Z do ano passado

(FILES) Bangladesh Prime Minister Sheikh Hasina speaks at Japan's national press club in Tokyo on May 28, 2014. Cheering protesters stormed Bangladeshi Prime Minister Sheikh Hasina's palace on August 5, 2024, after she fled, the culmination of more than a month of deadly anti-government protests. (Photo by YOSHIKAZU TSUNO / AFP) (YOSHIKAZU TSUNO/AFP)

(FILES) Bangladesh Prime Minister Sheikh Hasina speaks at Japan's national press club in Tokyo on May 28, 2014. Cheering protesters stormed Bangladeshi Prime Minister Sheikh Hasina's palace on August 5, 2024, after she fled, the culmination of more than a month of deadly anti-government protests. (Photo by YOSHIKAZU TSUNO / AFP) (YOSHIKAZU TSUNO/AFP)

Publicado em 20 de outubro de 2025 às 15h04.

Última atualização em 20 de outubro de 2025 às 15h36.

Durante agosto e julho do ano passado, o pequeno país de Bangladesh, ao norte da Índia, foi palco de intensos e violentos protestos da geração Z.

Lutando contra uma série de cotas consideradas injustas, os manifestantes sofreram forte repressão das Forças Armadas e, no que ficou conhecido como a Revolução de Julho; no total, 1,4 mil pessoas morreram.

Os protestos em massa levaram Sheikh Hasina, líder da Liga Awami, a fugir para a Índia, resultando na queda de seu mandato, que já durava 15 anos.

Agora, sob um governo interino, promotores exigem a pena de morte para Hasina, que está sendo acusada de ter cometido crimes contra a humanidade por sua parte na liderança da repressão contra os manifestantes.

Em exílio na Índia, Hasina até então se recusou a comparecer nos tribunais, e não apontou advogados para sua defesa.

Dentre os outros acusados estão o ex-ministro do interior Asaduzzaman Khan Kamal, e o ex-chefe de polícia Chowdhury Abdullah Al-Mamun.

Os procuradores também buscam pena de morte para Khan Kamal, que segue foragido fora do país.

Já Al-Mamun se declarou culpado, mas ainda não recebeu sentenças.

Diretamente responsável: 1,4 mil penas de morte

O procurador chefe Tajul Islam disse, em sessão da corte nessa última quinta-feira, 16, que Hasina merece 1,4 mil penas de morte. “Já que isso é humanamente impossível, exigimos pelo menos uma”, afirmou.

Adicionou que "seu objetivo era manter-se no poder permanentemente, para si mesma e para sua família". "Ela se tornou uma criminosa endurecida e não demonstra remorso pela brutalidade que cometeu", disse.

Islam diz à corte que Hasina ordenou “pessoalmente” a chacina, e usa como evidência para seu caso áudios vazados do telefone pessoal da ex-premiê.

Manifestantes antigovernamentais marcham em direção ao palácio da primeira-ministra Sheikh Hasina enquanto militares montam guarda na área de Shahbag, perto da universidade de Dhaka, em Bangladesh ( Munir UZ ZAMAN /AFP)

Os áudios, vazados por uma fonte anônima em março, são uma chamada entre Hasina e um funcionário sênior do governo não identificado no dia 18 de julho, onde a líder da Liga Awami diz que autorizava suas forças a utilizar “força letal” contra manifestantes e para atirarem “onde os encontrassem”.

"As gravações são fundamentais para estabelecer o seu papel, são claras e foram devidamente autenticadas, além de serem corroboradas por outras provas”, afirmou à BBC o advogado britânico especializado em direitos humanos Toby Cadman.

Cadman é consultor do Tribunal Penal Internacional do Bangladesh (ICT), que julga os processos contra Hasina e outros.

Nos dias seguintes à chamada, rifles de grau militar passaram a ser utilizados, de acordo com documentos da polícia analisados pela BBC. O que se seguiu foi uma intensificação na violência, com dias como 3 de agosto registrando até 90 mortes entre policiais e manifestantes.

Além disso, no dia 5 de agosto, quando Hasina fugiu do país, a polícia matou 52 manifestantes em um bairro ocupado na capital de Dhaka. Sheikh Hasina já foi condenada a seis meses de prisão por desacato ao tribunal, e ainda enfrenta acusações de corrupção.

O país, no momento em governo interino sob a liderança do vencedor do Nobel da Paz Muhammad Yunus, promete eleições gerais em fevereiro de 2026. A Liga Awami está banida de todas as atividades, e não poderá concorrer.

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