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Depois de ser condenada e declarada inelegível, Le Pen diz que Justiça tomou uma 'decisão política'

Líder do Reagrupamento Nacional e potencial candidata ao Palácio do Eliseu em 2027 foi condenada por desvios de verbas públicas da UE

Agência o Globo
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Publicado em 31 de março de 2025 às 18h13.

Última atualização em 31 de março de 2025 às 18h59.

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Nas primeiras declarações públicas após um tribunal de Paris declará-la culpada por desvio de verbas públicas, e decidir por uma condenação a quatro anos de prisão e cinco anos de inelegibilidade para cargos públicos, a líder do Reagrupamento Nacional, Marine Le Pen, disse que os juízes tomaram uma "decisão política" para impedir sua candidatura na eleição presidencial de 2027.

Em declarações transmitidas na rede TF1, Le Pen, que disputou o segundo turno com o presidente Emmanuel Macron em 2017 e 2022, sendo derrotada em ambas, afirmou que "o Estado de Direito foi completamente violado pela decisão proferida", e que o objetivo seria "impedi-la" de concorrer e "ser eleita na eleição presidencial de 2027".

— Sou inocente — disse Le Pen. — Considero que este julgamento que foi movido contra eles por adversários políticos é baseado em argumentos que não se sustentam. Este é um desacordo administrativo com o Parlamento Europeu. Não há enriquecimento pessoal, não há corrupção, não há nada disso.

O caso envolvendo a líder do principal partido de extrema direita francês trata de um esquema de uso indevido de fundos da União Europeia, destinados ao pagamento de assessores de eurodeputados, mas que estariam sendo usados para custear os salários de funcionários que trabalhavam em questões internas da política francesa. O esquema foi mantido entre 2004 e 2016.

Ao declarar Le Pen culpada, ela foi condenada a quatro anos de prisão, a serem cumpridos com tornozeleira eletrônica, ao pagamento de multa de € 100 mil (R$ 624 mil) e, no ponto que foi considerado por ela uma "declaração de morte política", a cinco anos de inelegibilidade para cargos públicos na França. Além dela, doze assistentes também foram condenados por ocultação de crime, com o tribunal estimando que o esquema desviou € 2,9 milhões (R$ 18,1 milhões).

Segundo os juízes, a sentença deve ser cumprida de maneira imediata, mesmo que sejam apresentados recursos, como Le Pen disse que fará. Nas declarações à TF1, ela discordou da interpretação da Corte, dizendo que "quando se recorre, o recurso tem efeito suspensivo", mas reconhecendo que "a magistrada assumiu muito claramente que implementará a execução provisória da inelegibilidade, ou seja, na realidade, tornará inútil meu recurso sobre esta matéria para me impedir de concorrer".

Ela completou dizendo que o tribunal “obedece a uma instrução, a uma ordem, a um clima” político que iria, em sua opinião, bem além do processo legal. E sinalizou que usará a sentença para impulsionar um discurso de hostilidade em relação ao Poder Judiciário, possivelmente com dividendos políticos.

— Esta noite, há milhões de franceses indignados, indignados num grau inimaginável, ao ver que na França, no país dos direitos humanos, juízes implementaram práticas que pensávamos serem reservadas a regimes autoritários — continuou. — Esse é um dia trágico para a nossa democracia e para o nosso país, onde milhões de franceses serão privados por um juiz de primeira instância, sem qualquer recurso possível, do candidato que hoje é dado como favorito nas eleições presidenciais.

Le Pen declarou que sua condenação não significa “de forma alguma, de forma alguma” sua aposentadoria política, mas, ao ser questionada sobre uma alternativa caso se veja longe das urnas em dois anos, disse que Jordan Bardella, um dos rostos mais conhecidos do Reagrupamento Nacional, "é um trunfo tremendo para o movimento e eu tenho dito isso há muito tempo”. Bardella, destaque nas eleições ao Parlamento Europeu no ano passado, é apontado como um sucessor quase natural de Le Pen na extrema direita.

— Espero que não tenhamos de usar esse trunfo antes do necessário — concluiu a ex-candidata à Presidência.

Em um documentário transmitido pela BFMTV no domingo, Le Pen sugeriu que Bardella, de 28 anos, pode ser candidato à Presidência, mas dentro do partido há dúvidas se sua pouca experiência e idade podem ser fatores negativos em uma eventual disputa pelo Palácio do Eliseu.

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