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Argentina encara eleição provincial crucial na disputa entre Milei e o peronismo

Cerca de 14,3 milhões de cidadãos estão convocados a votar para eleger 46 deputados e 23 senadores do Legislativo provincial

Argentina: Buenos Aires realiza, neste domingo, 7, eleições legislativas (Stockbyte/Getty Images)

Argentina: Buenos Aires realiza, neste domingo, 7, eleições legislativas (Stockbyte/Getty Images)

EFE
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Agência de Notícias

Publicado em 6 de setembro de 2025 às 16h13.

A província de Buenos Aires, a mais populosa da Argentina e com o maior número de eleitores, realiza neste domingo, 7, eleições legislativas de inusitada importância devido à disputa pelo poder entre o presidente Javier Milei e o peronismo, com as atenções voltadas para os pleitos nacionais de outubro.

Cerca de 14,3 milhões de cidadãos estão convocados a votar para eleger 46 deputados e 23 senadores do Legislativo provincial - metade das cadeiras de ambas as câmaras será renovada - e os membros dos conselhos deliberativos dos 135 municípios de Buenos Aires.

Toda eleição na província de Buenos Aires sempre atrai a atenção por seu peso demográfico e econômico, uma vez que a região concentra 38,6% da população do país e contribui com um terço do PIB argentino.

Mas não tanto como nesta ocasião, por ter adquirido uma relevância incomum por diversos fatores, incluindo a audaciosa decisão do governador de Buenos Aires, o peronista Axel Kicillof, de realizar esta eleição separada das legislativas nacionais programadas para 26 de outubro.

Além disso, Milei colocou a eleição provincial como uma batalha-chave em seu objetivo de "aniquilar" politicamente o peronismo, a principal força de oposição na Argentina.

A estratégia de ambos os lados configurou uma campanha muito polarizada entre Milei e o peronismo, sem debate de propostas, nem programa, por parte dos candidatos a legisladores provinciais pertencentes a cerca de 15 forças políticas que competem e que, em sua maioria, os eleitores desconhecem.

Unidade peronista

As últimas pesquisas preveem um triunfo da frente peronista Força Pátria, mas apertado, devido à ascensão que se espera da legenda de ultradireita A Liberdade Avança (LLA), liderada nacionalmente por Milei.

As pesquisas alertam para uma considerável porcentagem de indecisos e os analistas preveem que pode ocorrer uma relevante abstenção, apesar de o voto ser obrigatório.

Além das cadeiras que cada força conseguir somar no Legislativo provincial, o resultado de domingo revelará em grande parte com que caudal de apoio contam Milei e a oposição para as legislativas nacionais de outubro.

O peronismo, que governa desde o final de 2019 na província de Buenos Aires, conseguiu deixar de lado suas diferenças internas e chegar unido a esta eleição após aparar as arestas entre suas três vertentes, lideradas pela ex-presidente Cristina Kirchner (2007-2015), por Kicillof e pelo ex-ministro da Economia Sergio Massa.

Os três líderes também buscaram "nacionalizar" a campanha, deslocando do debate as questões provinciais para convocar o voto como expressão do descontentamento contra o governo de Milei.

"É necessário frear tanto insulto, tanto agravo, tanto maltrato e desatino, e, sobretudo, tantas e tão profundas injustiças", afirmou na quinta-feira, 4, por ocasião do encerramento da campanha, Cristina Kirchner, que desde junho cumpre prisão domiciliar e está inabilitada para exercer cargos públicos após ter sido condenada a seis anos por irregularidades na concessão de obras viárias quando era presidente.

Kicillof, uma das principais figuras da oposição na Argentina, também pediu que, por meio do voto, se freie as políticas de ajuste de Milei.

Milei, protagonista da campanha

Com apenas quatro anos de existência, a LLA se dedicou nos últimos meses à construção de estruturas políticas na província, tarefa liderada pela secretária-geral da presidência argentina e irmã do chefe de Estado, Karina Milei.

Nisso, foi fundamental o estabelecimento de uma aliança eleitoral com o Proposta Republicana (PRO), partido conservador liderado pelo ex-presidente argentino Mauricio Macri (2015-2019).

Javier Milei, que é da cidade de Buenos Aires - um distrito administrativamente separado da província de mesmo nome -, assumiu a campanha no território de Buenos Aires, um reduto peronista, com eventos não isentos de incidentes e um discurso agressivo contra seus detratores.

Há uma semana, o presidente foi apedrejado em um evento eleitoral na cidade de Lomas de Zamora, de onde teve que ser retirado, e na última quarta-feira, 3, liderou o encerramento da campanha em Moreno, em meio a uma forte tensão e confrontos entre seus apoiadores e moradores da localidade.

O trecho final da campanha foi marcado pelo veto presidencial a leis a favor de aposentados e deficientes, várias decisões do Congresso contrárias ao governo, uma denúncia de corrupção em torno da Agência Nacional de Deficiência que atinge Karina Milei, tensões nos mercados e uma estagnação da economia.

Longe de admitir qualquer tipo de deslize político ou econômico do Executivo, Milei acusou a oposição de montar "operações imundas" para desestabilizar seu governo e agitou os fantasmas de uma possível fraude neste domingo.

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