Agência de notícias
Publicado em 11 de abril de 2025 às 19h59.
Última atualização em 12 de abril de 2025 às 09h07.
O Banco Central da República Argentina (BCRA) anunciou mudanças no regime cambial na sexta-feira, 11. De acordo com a entidade, tem início a Fase 3 do programa econômico, com alterações na política de administração da relação entre o dólar e o peso argentino.
Uma das principais novidades do anúncio, feito em conjunto com o Ministério da Economia, é que a cotação do dólar no Mercado Livre de Câmbio (MLC) poderá flutuar em uma banda móvel entre 1 mil e 1,4 mil pesos. Essa mudança faz parte do novo acordo cambial com o Fundo Monetário Internacional (FMI).
Essa medida elimina o esquema de "crawling peg" (desvalorização controlada e gradual da moeda) que vinha sendo utilizado até agora e libera parcialmente a flutuação da taxa de câmbio. Os limites dessa banda serão ampliados a uma taxa mensal de 1%. Paralelamente, será desativado o "dólar blend", mecanismo que permitia a liquidação de exportações em 80% pela taxa oficial e 20% no mercado financeiro.
Outro ponto fundamental do anúncio, divulgado há pouco, é a eliminação das restrições cambiais para pessoas físicas. Em outras palavras: chega ao fim o “cepo cambial” para poupadores, que havia sido restabelecido no final do governo de Mauricio Macri e aprofundado nas gestões de Alberto Fernández e Cristina Kirchner.
O Banco Central também informou que passará a autorizar a distribuição de lucros para acionistas estrangeiros a partir dos exercícios financeiros iniciados em 2025, além de flexibilizar os prazos para pagamento de operações de comércio exterior.
Além disso, o Banco Central anunciou que reforçará o “âncora nominal”, aprimorando o marco da política monetária, dentro da qual não haverá emissão de pesos pelo BCRA para financiar o déficit fiscal ou para remunerar seus passivos monetários.
No entanto, será permitida a circulação dos pesos que eventualmente forem injetados caso o BCRA precise comprar dólares para sustentar o piso da cotação oficial, como forma de facilitar a remonetização da economia em resposta a um possível aumento na demanda real por dinheiro.
Com essas decisões, o governo busca consolidar o processo de estabilização, oferecer previsibilidade aos agentes econômicos, recuperar o crédito privado e incentivar os investimentos.
Segundo o BCRA, trata-se de um passo fundamental rumo a um equilíbrio econômico duradouro, sustentado em três pilares:
A flexibilização foi definida após a confirmação do acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), que garantirá uma linha de facilidades estendidas (EFF) no valor de US$ 20 bilhões. Desse total, US$ 15 bilhões estarão livremente disponíveis ao longo de 2025.
Parte desses recursos será utilizada para recomprar Letras Intransferíveis em poder do BCRA, fortalecendo assim seu balanço patrimonial. Além disso, o país contará com US$ 3,5 bilhões de organismos multilaterais e buscará ampliar a linha de financiamento via reposição, negociada em janeiro com bancos internacionais, com a possibilidade de adicionar até mais US$ 2 bilhões.
Em paralelo, o BCRA renovou por 12 meses a parte ativada do swap com o Banco Central da China, equivalente a cerca de US$ 5 bilhões. Com isso, o governo estima que os diferentes acordos poderão gerar uma melhora de US$ 20,6 bilhões nas reservas líquidas internacionais ao longo de 2025.
O novo regime de bandas cambiais, que passa a valer imediatamente, prevê a intervenção do BCRA nos extremos do corredor. Confira: