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Argentina volta a intervir no mercado após queda de 6% do peso nesta terça-feira

Essa foi a maior queda dentro de um mesmo dia desde 8 de setembro, o que levou o governo a vender dólares no mercado à vista

Javier MIlei, presidente da Argentina, durante discurso na ONU (Spencer Platt/Getty Images)

Javier MIlei, presidente da Argentina, durante discurso na ONU (Spencer Platt/Getty Images)

Mateus Omena
Mateus Omena

Repórter

Publicado em 30 de setembro de 2025 às 17h27.

Última atualização em 30 de setembro de 2025 às 17h47.

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Diante da pressão sobre o peso argentino nesta terça-feira, 30, o governo de Javier Milei se viu forçado a intervir para impedir a desvalorização da moeda, dias após o anúncio de apoio financeiro dos Estados Unidos ter impulsionado os ativos do país.

Nesta tarde, o peso caiu mais de 6%, registrando a maior queda intradiária desde 8 de setembro, o que levou o governo a vender dólares no mercado à vista. O fechamento foi em baixa de 1,4%, com a cotação atingindo 1.380 pesos por dólar, segundo a Bloomberg. O Banco Central argentino e o Ministério da Economia não informaram a quantidade de dólares vendidos pelo governo.

Este foi o segundo dia consecutivo de perdas para a moeda, que havia valorizado mais de 10% após o anúncio do secretário do Tesouro, Scott Bessent, sobre uma linha de crédito de US$ 20 bilhões à Argentina.

Além disso, uma isenção temporária de impostos sobre exportações trouxe US$ 7 bilhões para o país em poucos dias, o que impulsionou a alta do peso, enquanto o governo retomava parte dos controles de capital que havia sido suspensa em abril. Mesmo assim, nada disso foi suficiente para evitar que a moeda voltasse a cair nesta semana.

Milei sob pressão

A administração de Milei aproveitou o alívio temporário da semana passada para adquirir dólares e aumentar as reservas, mas ainda enfrenta dificuldades para controlar a crescente demanda pela moeda americana, impulsionada por preocupações com o apoio político do presidente antes das eleições legislativas de meio de mandato no mês que vem — especialmente após uma derrota nas eleições provinciais de Buenos Aires no início de setembro — e pela falta de clareza em relação ao futuro da política cambial.

A ausência de detalhes sobre a linha de crédito dos EUA também está impactando negativamente os ativos. A Argentina anunciou que o presidente Milei, que retornou dos EUA na semana passada, se encontrará novamente com o presidente Donald Trump no dia 14 de outubro na Casa Branca.

Os títulos argentinos em dólar com vencimento em 2035 sofreram queda superior a 1,3 centavo, atingindo 54 centavos por dólar, o que os colocou entre os piores desempenhos entre os mercados emergentes.

Investidores também estão preocupados com o aumento da disparidade entre as taxas de câmbio oficial e paralela, que atingiu o maior nível desde abril, evidenciando a pressão das restrições do governo sobre a demanda por dólares.

O apoio dos EUA aliviou momentaneamente o mercado, mas “não resolve os desequilíbrios ou as tendências da moeda”, disse Alejandro Cuadrado, estrategista de câmbio do BBVA em Nova York, à Bloomberg. “A tendência de médio prazo seguirá ascendente, e haverá grande atenção após as eleições sobre a dinâmica e os próximos passos, já que este regime é considerado temporário.”

Na semana passada, Milei impulsionou brevemente os ativos ao oferecer mais detalhes sobre o acordo com os EUA em uma entrevista à televisão. Em sua primeira aparição na mídia desde o anúncio de Bessent, o presidente argentino afirmou que seu governo manteria a linha de swap cambial com a China, mesmo enquanto negocia um pacote de resgate financeiro com Washington.

Milei também anunciou que a Argentina garantiu financiamento até o final do ano seguinte e indicou que reformaria seu gabinete após as eleições de meio de mandato, marcadas para 26 de outubro.

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