Redação Exame
Publicado em 27 de fevereiro de 2025 às 11h26.
A Áustria terá um governo de coalizão formado pelo conservador ÖVP, pelo social-democrata SPÖ e pelo liberal Neos, após o acordo anunciado nesta quinta-feira por esses partidos pró-União Europeia (UE).
O pacto, antecipado pela agência de notícias “APA”, exclui o partido de extrema-direita FPÖ, que venceu as eleições legislativas no final de setembro com quase 29% dos votos, mas falhou em sua tentativa de formar um governo com o ÖVP.
O líder do ÖVP, Christian Stocker, será o novo chanceler, de acordo com a imprensa local.
A expectativa é que os três partidos apresentem hoje os seus programas de governo, baseados na ideia central de "consenso e pragmatismo".
Alguns dos pilares deste programa devem ser um endurecimento da política de asilo e medidas de contenção de custos para consolidar o orçamento e reduzir o déficit, que em 2024 foi de 4%, evitando assim um processo da UE contra a Áustria.
O plano visa economizar mais de 6,3 bilhões de euros em 2025 e 8,7 bilhões no próximo ano.
Embora os sociais-democratas e os conservadores, tradicionalmente os dois maiores partidos do país, tenham frequentemente governado em uma grande coligação, esta será a primeira vez do Neos, partido fundado em 2012.
A expectativa é que o governo tome posse na próxima segunda-feira, depois que as lideranças dos partidos conservador e social-democrata derem sua aprovação, e o Neos faça o mesmo em um congresso neste domingo.
Por sua vez, o líder do FPÖ, Herbert Kickl, defende a convocação de eleições antecipadas e chamou o novo pacto de "coalizão de perdedores".
O acordo põe fim a cinco meses de paralisia política desde as eleições de setembro e marca o primeiro governo tripartite na Áustria desde 1949.
Stocker assumiu como líder do ÖVP em substituição do ex-chanceler Karl Nehammer, que renunciou em janeiro após o fracasso da primeira rodada de negociações com o SPÖ e o Neos e se deparou com a possibilidade de um pacto entre seu partido e a extrema-direita, uma opção à qual se opôs durante a campanha eleitoral.
O FPÖ foi inicialmente excluído das negociações após as eleições, mas depois desse primeiro fracasso recebeu a tarefa de formar um governo e, após cinco semanas de contatos com o ÖVP, também não conseguiu chegar a um acordo.
As longas negociações refletem as dificuldades que muitos países europeus enfrentam para formar governos estáveis, em um contexto em que partidos de extrema-direita, como o eurocético e pró-Rússia FPÖ, continuam ganhando terreno, impulsionados pelo descontentamento econômico e pela imigração.
A ascensão do FPÖ, que já chega a 35% nas pesquisas de intenção de voto, coincide com dois anos de recessão na Áustria, que em 2024 registrou crescimento negativo de 0,9%.
O presidente austríaco, Alexander Van der Bellen, pediu nos últimos dias que os partidos chegassem a um acordo, apontando para as crescentes tensões entre a Europa e os Estados Unidos após o retorno de Donald Trump à Casa Branca.
"Os próximos anos serão difíceis", advertiu o presidente de 81 anos e ex-líder do Partido Verde.
Com informações de AFP e EFE