Agência de notícias
Publicado em 25 de setembro de 2025 às 07h47.
Os conflitos internacionais voltaram a protagonizar o segundo dia de debate da 80ª Assembleia Geral da ONU. As guerras na Ucrânia e no Oriente Médio foram os tópicos de maior destaque da sessão desta quarta-feira. Nesta quinta-feira, no terceiro dia do debate geral, a diplomacia internacional seguirá voltada para esse tema com o discurso do representante da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, por vídeo.
Na última sexta-feira, a Assembleia Geral das Nações Unidas votou para permitir que Abbas participe do encontro de líderes mundiais de forma virtual, depois que os Estados Unidos informaram que não concederiam visto para sua viagem a Nova York. A resolução recebeu 145 votos a favor e cinco contra, enquanto seis países se abstiveram. Ela também permite que Abbas e quaisquer outros altos funcionários palestinos participem de reuniões ou conferências da ONU por vídeo ao longo do próximo ano, caso sejam impedidos de viajar para os Estados Unidos.
O líder palestino já compareceu virtualmente à conferência convocada por França, Arábia Saudita e outros aliados europeus — realizada na segunda-feira, véspera da Assembleia Geral — para reconhecer o Estado palestino.
Os EUA afirmaram no mês passado que Abbas e cerca de 80 outros palestinos seriam afetados por sua decisão de negar e revogar vistos de membros da Organização para a Libertação da Palestina e da Autoridade Palestina, com sede na Cisjordânia.
De acordo com um "acordo de sede" da ONU de 1947, os EUA são geralmente obrigados a permitir acesso de diplomatas estrangeiros à sede das Nações Unidas em Nova York. No entanto, Washington afirmou que pode negar vistos por razões de segurança, extremismo e política externa.
Cerca de três anos e meio após o início da invasão russa, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, fez o mais incisivo apelo global pelo fim do conflito. Segundo líder a discursar na quarta-feira, ele citou guerras sem solução — como em Gaza —, disse que o direito internacional hoje só funciona com “amigos poderosos”, e questionou se as nações se consideram protegidas contra ameaças semelhantes às vindas de Moscou. Em seu discurso, o ucraniano declarou que o mundo vive a "corrida armamentista mais destrutiva da História", sem sinais claros se "restará algum lugar na Terra que ainda seja seguro para as pessoas".
Já o presidente da Argentina, Javier Milei, reiterou duras críticas à organização e sua agenda, em sintonia com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Em seu segundo discurso na Assembleia Geral das Nações Unidas, Milei afirmou que a ONU e suas agências "engrossaram suas contribuições e reduziram seus resultados".
Milei também fez uma forte defesa do governo de Trump, principalmente das políticas anti-imigração do presidente americano — com quem se encontrou na véspera em uma agenda bilateral, após a qual o republicano endossou a reeleição do líder argentino, embora ele não retorne às urnas antes de 2027.
O presidente do Irã, Masoud Prezeshkian, usou seu tempo na tribuna para denunciar os ataques de Israel e dos Estados Unidos contra o país, em junho deste ano, como uma traição aos princípios da diplomacia. O líder iraniano chegou a Nova York em um momento delicado para Teerã, que enfrenta a ameaça da reimposição de sanções relacionadas ao seu programa nuclear, o que tenta evitar a qualquer custo.
Uma outra fala que marcou o segundo dia foi a do presidente da Síria, Ahmed al-Sharaa. Em um discurso histórico mais pelo contexto do que por seu conteúdo, ele afirmou no plenário da ONU que seu país foi “despedaçado” por mais de uma década de guerra civil, e que o antigo regime da família Assad, derrubado no ano passado, "aterrorizou o povo" por mais de 60 anos. Al-Sharaa foi o primeiro líder sírio a discursar na Assembleia Geral desde 1967, em uma fala também destinada a obter novos concretos gestos de apoio ao seu ainda instável governo.
Segundo a programação das Nações Unidas, a ordem dos países que vão discursar nesta quinta-feira será: