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Axel Kicillof: quem é o governador que derrotou o partido de Milei em Buenos Aires

Possível candidato presidencial em 2027, Kicillof conquista vitória nas eleições legislativas da província de Buenos Aires, com 47% dos votos

Axel Kicillof: governador promete fortalecer o peronismo e construir um plano para se preparar para uma possível candidatura à presidência em 2027 (STRINGER/AFP via Getty Images)

Axel Kicillof: governador promete fortalecer o peronismo e construir um plano para se preparar para uma possível candidatura à presidência em 2027 (STRINGER/AFP via Getty Images)

Agência o Globo
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Agência de notícias

Publicado em 9 de setembro de 2025 às 06h50.

Com um recorde nas últimas duas décadas e uma dura derrota para o governo de Javier Milei, Axel Kicillof garantiu a melhor eleição para um partido peronista desde 2005 nas eleições legislativas da província de Buenos Aires. Os 47% dos votos obtidos no domingo pela coalizão de centro-esquerda Força Pátria posicionaram o governador da província como a figura para renovar o peronismo e possivelmente ser o candidato da oposição nas presidenciais de 2027.

Liderando a campanha contra Milei, em sua estratégia de nacionalizar a disputa, o governador não só melhorou o desempenho do kirchnerismo nos últimos 20 anos, como também superou em mais de sete pontos percentuais o resultado obtido nas eleições de meio de mandato de seu primeiro mandato.

"As urnas disseram. Ele é o nosso candidato presidencial", disse Mario Secco, prefeito de Ensenada, ao jornal La Nación.

Oposição forte e disputa pelo futuro da presidência

Para analistas, a disputa latente entre Milei e Kicillof, que agora se tornou o protagonista da oposição, definirá os próximos dois anos de mandato do presidente argentino. Alguns sinalizam que ainda é cedo demais, e que isso pode prejudicar o governador. Mas muitos acreditam que o restabelecimento do governo Milei diante das crises recentes parece distante se não levar em conta esse resultado desfavorável.

Discretamente, Kicillof, que foi recebido no domingo na sede do Força Pátria com aplausos e gritos de "Se sente, Axel presidente!", já deu uma ordem ao seu círculo íntimo.

"Se eu for candidato em 2027, não quero acabar como Alberto [Fernández]. Vamos trabalhar com um plano para ter tudo pronto e unificado antes que os resultados das urnas nos surpreendam. Primeiro nos alinhamos, depois governamos", confidenciou Kicillof aos seus confidentes.

Perfil de Axel Kicillof

Economista formado e doutor pela Universidade de Buenos Aires (UBA), Kicillof iniciou sua extensa carreira política em 2011, quando foi nomeado vice-gerente geral da Aerolíneas Argentinas. Posteriormente, no início do segundo mandato de Cristina Kirchner como presidente, Kicillof foi nomeado Secretário de Política Econômica e Planejamento do Desenvolvimento, cargo no qual se envolveu na reestatização da Yacimientos Petrolíferos Fiscales (YPF), a primeira grande estatal argentina e maior empresa de energia do país.

Em 2013, foi nomeado Ministro da Economia, cargo que ocupou até o fim do governo Kirchner. Nas eleições de 2015, foi eleito deputado nacional pela Cidade de Buenos Aires (CABA), representando o partido Frente para a Vitória. Em 2019, conquistou o governo da província de Buenos Aires. Foi reeleito e permanecerá no cargo até 2027, ano das eleições presidenciais.

Kicillof construiu sua base dentro do peronismo, mas buscou traçar um caminho próprio. Embora tenha sido aliado próximo de Cristina, seu distanciamento ficou claro quando decidiu descolar as eleições de Buenos Aires das nacionais, uma manobra que simbolizou sua intenção de autonomia frente ao kirchnerismo.

Nos últimos meses, ele se consolidou como principal voz opositora ao governo Milei. Em atos públicos, acusa o presidente de adotar um modelo "antiprodutivo", baseado em especulação financeira, desregulação e um câmbio artificialmente barato que, segundo ele, prejudica a indústria e o emprego.

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