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Brasil vende mais carne e menos aço aos EUA em abril e bate recorde de exportações

País vendeu US$ 27,2 bilhões em mercadorias aos americanos nos quatro primeiros meses de 2025, mostram dados da Amcham

Carne brasileira: produto ganhou espaço entre exportações do Brasil para os EUA (Eduardo Robles Pacheco/Flickr)

Carne brasileira: produto ganhou espaço entre exportações do Brasil para os EUA (Eduardo Robles Pacheco/Flickr)

Publicado em 22 de maio de 2025 às 10h55.

O fluxo comercial entre Brasil e Estados Unidos subiu nos quatro primeiros meses deste ano e atingiu US$ 27,2 bilhões no acumulado até abril. O valor, 9,4% maior do que no mesmo período do ano passado, é recorde na série histórica.

Os dados são do Monitor do Comércio Brasil-EUA, organizado pela Câmara de Comércio Brasil- Estados Unidos (Amcham) e obtidos de forma antecipada pela EXAME.

As exportações brasileiras somaram US$ 13,1 bilhões (alta de 3,7%), enquanto as importações atingiram US$ 14,1 bilhões (crescimento de 14,6%), gerando um saldo negativo de US$ 1 bilhão para o Brasil no período.

Só no mês de abril, o país exportou US$ 3,6 bilhões para os EUA, um crescimento de 21,9% em relação a abril de 2024.

O aumento foi puxado pela alta em produtos como carne bovina, suco de laranja, aeronaves e café. A carne teve alta de 1.006% no valor total exportado. Em abril de 2024, haviam sido vendidas US$ 21 milhões em carne. No mês passado, foram US$ 229 milhões.

"Os Estados Unidos estão com uma necessidade de compra de carne sem precedentes. Houve redução de rebanho para a pior posição desde os anos 1950. Eles precisam de muita carne e estão fazendo incursões aqui no mercado brasileiro", diz Fernando Iglesias, analista da consultoria Safras & Mercado.

"Recuperar rebanho não é uma coisa que acontece rapidamente. Essa tendência de ritmo de compra dos Estados Unidos no Brasil deve se manter", afirma.

Queda do aço

Já as vendas de aço brasileiro tiveram baixa de 23,2% em abril. Os EUA passaram a taxar o produto em 25%. Houve baixa também nas vendas de celulose, de 23,4%.

Entre os alimentos, houve forte queda nas vendas de açúcar, com baixa de 88,1%.

No trimestre, a venda de óleos brutos de petróleo, principal item da pauta de exportações brasileira para os EUA, caiu 29%.

Tarifas de Trump

O avanço ocorre em meio à imposição de novas tarifas de importação pelos EUA. O presidente Donald Trump anunciou taxas de 10% para quase todos os produtos brasileiros, que passaram a valer em abril. Aço, alumínio e automóveis foram taxados em 25%.

“O desempenho positivo das exportações brasileiras pode ser explicado pelo crescimento nas vendas de produtos em que o Brasil possui liderança mundial, aliado à alta nos preços internacionais e uma provável antecipação de pedidos por parte de importadores diante do cenário de mudanças tarifárias dos EUA”, afirma Abrão Neto, presidente da Amcham Brasil.

A entidade avalia que os dados de abril ainda não permitem avaliar por completo os impactos trazidos pelas tarifas de Trump. Os dados dos próximos meses mostrarão esse impacto de forma mais clara.

Os Estados Unidos são o segundo maior parceiro comercial do Brasil, atrás da China.

Os 10 itens mais exportados do Brasil para os EUA em abril

  • Óleos brutos de petróleo: US$ 522 milhões

  • Café não torrado: US$ 253 mihões

  • Aeronaves e partes: US$ 233 mihões

  • Semi-acabados de ferro ou aço: US$ 232 mihões

  • Carne bovina: US$ 229 mihões

  • Óleos combustíveis: US$ 184 mihões

  • Ferro-gusa e similares: US$ 173 mihões

  • Equipamentos de engenharia: US$ 149 mihões

  • Sucos de frutas/vegetais: US$ 109 mihões

  • Celulose: US$ 83 mihões

  • Demais produtos: US$ 1.401 mihões

Total: US$ 3.568 mi

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