Mundo

Brics debate 'passaporte' para profissionais de tecnologia circularem entre países do bloco

Proposta será levada por empresários à reunião de cúpula de chefes de Estado e prevê avançar em áreas como big data, internet das coisas, inteligência artificial e transição energética

Brics 2025: reunião será realizada no Museu de Arte Moderna, no Rio de Janeiro (Mauro Pimentel/AFP)

Brics 2025: reunião será realizada no Museu de Arte Moderna, no Rio de Janeiro (Mauro Pimentel/AFP)

Rafael Balago
Rafael Balago

Repórter de macroeconomia

Publicado em 4 de julho de 2025 às 10h57.

Última atualização em 4 de julho de 2025 às 12h01.

O Fórum Empresarial do Brics vai propor aos líderes do bloco a criação de uma espécie de 'passaporte' para facilitar a circulação de profissionais entre os países integrantes, para facilitar o intercâmbio de pessoas e de tecnologia.

O Brics é formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, além de Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Indonésia e Irã, que aderiram ao bloco em 2024.

A proposta do fórum quer ajudar os países a avançar em áreas chamadas de 'profissões do futuro', como big data, internet das coisas, inteligência artificial e transição energética.

"Estamos propondo intensificar a colaboração empresa-governo para fortalecer o desenvolvimento de competências profissionais em alta tecnologia", diz Frederico Lamego, superintendente de Relações Internacionais da Confederação Nacional da Indústria (CNI), entidade que organiza o Fórum Empresarial do Brics.

"Propomos criar uma espécie de passaporte, um reconhecimento de profissões para permitir a mobilidade de trabalhadores entre os países a partir de currículos comuns no futuro", afirma.

O primeiro passo para isso é avançar com a adoção de currículos escolares similares entre os países. Lamego cita dois exemplos: o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) é referência no Brasil em ensino técnico, enquanto a China é uma das líderes globais em inteligência artificial.

"Estamos trabalhando mensalmente nisso há dois anos com representantes das áreas de educação de empresas, para desenhar um currículo comum, de competências que os profissionais precisariam ter para depois, num segundo momento, ter um reconhecimento mútuo de diplomas", afirma Lamego.

"O que estou chamando de 'passaporte' é, na verdade, um reconhecimento mútuo de competências", afirma. Com isso, haverá mais facilidade para estudantes de todos os países do bloco participarem de programas de intercâmbio e disputarem vagas de emprego internacionais.

"Vamos precisar fortalecer uma formação cada vez maior em engenharias e de quadros técnicos para liderar a agenda de transição energética e aproveitar das novas tecnologias", afirma Lamego.

As demandas nas empresas no Brics

O Fórum Empresarial do Brics deverá levar uma lista de 24 propostas aos chefes de Estado do bloco, que fazem uma reunião de cúpula no Rio de Janeiro, no domingo, 6, e segunda, 7.

A lista, que ainda está sendo fechada, deverá ter 24 propostas de medidas para facilitar os negócios entre o bloco e criar oportunidades.

Nesta lista, além do 'passaporte' para especialistas, deverá ter destaque uma intensificação da agenda de transição e segurança energética, em várias frentes.

"O Brasil tem todo um potencial em etanol. Agora, esse etanol precisa ser levado a outros países e fazer uma cooperação com a Índia, por exemplo", diz o superintendente da CNI.

Lamego cita ainda a busca de mais parcerias envolvendo SAF, o combustível sustentável de aviação, e a exportação de painéis fotovoltaicos da China para o Brasil.

"Essa agenda tem de ser complementar à de outras fontes de energia, para permitir que o Brasil, por exemplo, se torne um receptor de data centers, que vão exigir grandes quantidades de energia", afirma Lamego.

O que é o Brics?

O Brics é um grupo que reúne países emergentes para discutir questões econômicas e políticas.

Criado em 2006, o bloco reunia inicialmente Brasil, Rússia, Índia e China, cujas letras formavam a sigla Bric (tijolo, em inglês). Depois, em 2011, houve a entrada da África do Sul, chamada de South Africa em ingles, o que originou a sigla Brics.

Em 2024, foram admitidos mais seis países, Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Indonésia e Irã.

A cada ano, um país ocupa a presidência do bloco e organiza uma reunião de cúpula em seu território. O Brasil comanda o grupo em 2025.

Quando será a reunião do Brics no Brasil?

A reunião de cúpula do bloco será realizada nos dias 6 e 7 de julho, domingo e segunda-feira, no Museu de Arte Moderna (MAM), no Rio de Janeiro.

Nos dias antes e depois da cúpula, haverá diversas reuniões e eventos paralelos, organizados por braços do Brics, como o Fórum Empresarial, e por países participantes.

Acompanhe tudo sobre:BricsEducaçãoInteligência artificial

Mais de Mundo

Após conversa com Trump, Putin lança 'maior ataque aéreo' contra a Ucrânia desde o início da guerra

ONU retira inspetores nucleares do Irã após nova lei local tornar seu trabalho ilegal

Apagão generalizado paralisa transporte e deixa República Tcheca sem energia

Recorde de receita: tarifas arrecadaram US$ 24,2 bilhões em maio, nos EUA