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Publicado em 26 de setembro de 2025 às 09h19.
Os MiG-21 fabricados na Rússia voaram pela última vez nesta sexta-feira, marcando o fim de uma era para o primeiro caça supersônico do país — elogiado por seu valor, mas marcado por um legado de cerca de 400 acidentes. Multidões aplaudiram enquanto autoridades organizavam uma grande despedida para os dois últimos modelos de MiG-21, totalizando cerca de 36 aeronaves, em uma base da força aérea na cidade de Chandigarh, no norte do país.
A despedida ocorreu um dia depois de Nova Délhi assinar um acordo de US$ 7 bilhões (cerca de R$ 37,5 bilhões) para adquirir 97 jatos Tejas projetados e construídos internamente, enquanto busca modernizar sua frota da era soviética. A cerimônia de despedida incluiu um combate aéreo simulado entre MiGs russos e uma exibição colorida da equipe acrobática Surya Kiran.
Os jatos aposentados provavelmente serão expostos ao público, embora o governo ainda não tenha anunciado nenhum plano. O ministro da Defesa, Rajnath Singh, e altos oficiais da força aérea, incluindo veteranos que pilotaram o MiG-21, assistiram à última passagem da famosa aeronave. Introduzido pela primeira vez na década de 1960, a Índia operou impressionantes 874 MiG-21s.
Os planos de aposentá-los na década de 1990 foram adiados repetidamente em meio a contratempos na produção local, obstáculos burocráticos e escândalos de corrupção.
"O legado do MiG-21 é inegável. Foi um caça capaz, ainda que falho, que formou a espinha dorsal da Força Aérea Indiana por décadas", disse o ex-marechal do ar Raghunath Nambiar à AFP, à margem do evento.
Ele atribuiu a uma importante campanha de bombardeio do MiG-21 a aceleração da vitória da Índia sobre o Paquistão na guerra de 1971, que levou à criação de Bangladesh. Mas a idade alcançou o jato da era soviética.
"Projetado para ser simples, o MiG-21 foi criado para ser robusto, mas perdeu força com o tempo", disse Nambiar.
Ele acrescentou que falhas no motor, falhas hidráulicas e falhas elétricas eram frequentes e, sem sistemas de backup, pousos de emergência e ejeções se tornaram muito comuns. A reputação sombria do MiG-21 lhe rendeu o infame apelido de "caixão voador" em seus últimos anos. Ao longo de um período de seis décadas, cerca de 400 acidentes com MiG foram registrados, ceifando a vida de 200 pilotos no mundo todo.
"É hora de deixá-lo ir — não como um ícone perfeito, mas como um lembrete sério dos sacrifícios feitos por aqueles que o pilotaram", disse Nambiar.
Com a aposentadoria do MiG-21, a Índia, a quinta maior economia do mundo, está pronta para intensificar sua produção nacional de armas e novas parcerias internacionais. Em abril, o país assinou um acordo multibilionário para a compra de 26 caças Rafale da francesa Dassault Aviation, que se juntarão aos 36 caças Rafale já adquiridos.
A Índia também está trabalhando com uma empresa francesa para desenvolver e fabricar motores de caça no país. Angad Singh, coautor de um livro sobre os MiGs, disse à AFP que o país enfrenta uma "posição nada invejável" devido à atual escassez de caças. Ele acrescentou que a Índia investe esforços na aeronave Tejas aprimorada e está em negociações para comprar outros 114 Rafales.
Preocupações com a segurança regional são grandes para a Índia, especialmente após um intenso confronto de quatro dias com o arquirrival Paquistão em maio, seu pior impasse desde 1999. Ambos os lados reivindicaram vitória, cada um se gabando de ter derrubado os caças do outro.