Ex-banqueiro, Mark Carney, é favorito para substituir Trudeau (Getty Images)
Redação Exame
Publicado em 9 de março de 2025 às 11h42.
Última atualização em 9 de março de 2025 às 12h01.
O Canadá define neste domingo, 9, seu novo primeiro-ministro em um cenário de crise política e tensão comercial com os Estados Unidos. O favorito na disputa é Mark Carney, ex-diretor do Banco do Canadá e do Banco da Inglaterra, que deve assumir o cargo após a renúncia de Justin Trudeau.
A votação ocorre dentro do Partido Liberal, partido de centro-esquerda no poder, e definirá o sucessor de Trudeau, que anunciou sua saída em janeiro após dez anos no comando do país. A transição de poder levará alguns dias, até a formação oficial do novo governo.
Carney, de 59 anos, se destacou na campanha ao se posicionar como um líder preparado para enfrentar crises, especialmente a guerra comercial com Donald Trump. Durante um comício na sexta-feira, 8, ele reforçou esse discurso:
"Estamos enfrentando a crise mais grave da nossa existência. Tudo na minha vida me preparou para este momento", disse.
A candidatura de Carney ganhou força em meio ao agravamento das relações entre Canadá e EUA. Trump não só impôs novas tarifas ao país vizinho como também sugeriu, em tom provocativo, que o Canadá poderia se tornar o "51º estado americano".
A retórica do ex-presidente republicano irritou os canadenses, levando muitos a boicotarem produtos dos EUA e evitarem viagens ao país. No plano político, a crise aumentou a pressão sobre os liberais, que inicialmente estavam atrás dos conservadores, mas agora aparecem empatados nas pesquisas.
Chrystia Freeland, ex-ministra das Finanças e principal rival de Carney na disputa interna, perdeu força ao longo da campanha. Sua saída do governo foi motivada por discordâncias com Trudeau sobre a melhor forma de responder às medidas de Trump.
Quem vencer a disputa deste domingo terá um desafio imediato: unificar o Partido Liberal e preparar a legenda para as eleições gerais, previstas para outubro, mas que podem ser antecipadas.
O governo Trudeau enfrentou forte desgaste, sendo responsabilizado pela alta inflação e pela crise imobiliária. Em janeiro, os liberais estavam mais de 20 pontos atrás dos conservadores nas intenções de voto. Agora, segundo pesquisa da Angus Reid, Carney aparece como o candidato mais forte contra Trump, com 43% de apoio contra 34% do conservador Pierre Poilievre.
A oposição, que já esteve em vantagem, tem perdido terreno. O discurso populista de Poilievre, que lembra o de Trump, gera resistência entre parte do eleitorado. Por outro lado, a postura técnica e pragmática de Carney, ainda que considerada "entediante" por alguns, parece oferecer a estabilidade que muitos eleitores buscam.
*Com AFP.