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Cardeais examinam controversas finanças do Vaticano

Os cardeais a cargo de três "ministérios" econômicos expuseram diante dos cardeais a situação das finanças do Estado


	Cardeal chega para reunião: há três anos, a justiça italiana abriu uma investigação judicial contra dois diretores do Banco do Vaticano, que têm um patrimônio de 5 bilhões de euros.
 (REUTERS/Tony Gentile)

Cardeal chega para reunião: há três anos, a justiça italiana abriu uma investigação judicial contra dois diretores do Banco do Vaticano, que têm um patrimônio de 5 bilhões de euros. (REUTERS/Tony Gentile)

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Da Redação

Publicado em 7 de março de 2013 às 14h17.

Cidade do Vaticano - Os 150 cardeais reunidos nesta quinta-feira no Vaticano para preparar o conclave examinaram a portas fechadas as controvertidas finanças da Santa Sé, num momento em que a imprensa italiana publica mais revelações quentes sobre o escândalo "Vatileaks".

Os cardeais, entre eles 114 dos 115 eleitores, já que só falta um, o vietnamita Jean Baptiste Phan Minh Man, examinaram a situação econômica da Santa Sé e, em particular, do Banco do Vaticano, centro de tensões internas que levaram ao chamado Vatileaks, o vazamento de cartas e documentos confidenciais do Papa à imprensa.

Os cardeais a cargo de três "ministérios" econômicos expuseram diante dos cardeais a situação das finanças do Estado, informou o porta-voz da Santa Sé, padre Federico Lombardi.

"Foram intervenções sintéticas e claras, segundo o próprio setor. Os cardeais estarão a disposição daqueles que quiserem mais informação e detalhes", disse.

"Não posso dizer nada sobre o conteúdo das intervenções, só algo geral. Mas é óbvio que os cardeais podem falar entre eles deste argumento", reconheceu Lombardi ao ser interrogado sobre os escândalos do Vatileaks.

Há três anos, a justiça italiana abriu uma investigação judicial contra dois diretores do Banco do Vaticano, que têm um patrimônio de 5 bilhões de euros, por violarem as leis italianas sobre a lavagem de dinheiro.


A maior publicação religiosa italiana, Famiglia Cristiana, com um milhão de leitores, pediu nesta semana que o Banco do Vaticano, conhecido como o Instituto de Obras Religiosas (IOR), se converta em um banco ético e que saia do sistema financeiro mundial.

O jornal italiano La Repubblica revela nesta quinta-feira que ao menos 20 pessoas, tanto laicas quanto religiosas, contribuíram para o vazamento de documentos confidenciais de Bento XVI com o objetivo de mudar as estruturas internas da Igreja, desmentindo a tese de que o ex-mordomo do pontífice, condenado e sucessivamente perdoado, operou sem cúmplices.

A entrevista anônima de um deles é um tipo de advertência à hierarquia da Igreja católica sobre a necessidade de uma maior transparência na gestão interna, marcada por intrigas, abusos de poder e tráfico de influência através de um "lobby gay", segundo a publicação, o que foi categoricamente desmentido pelo Vaticano.

"Queremos uma operação de limpeza", assegura.

Para o vaticanista Marco Politi, o escândalo acelerou a decisão de renunciar de Bento XVI e pesa nos debates das congregações para a reforma da Cúria Romana.

"Vão traçar o perfil do homem que buscam, que deve ter a força para realizar a reforma", sustenta Politi, autor do livro "Joseph Ratzinger, crise de um papado".


Segundo meios de comunicação locais, os cardeais italianos, ao que parecem, perderam a batalha por uma eleição rápida, e é possível que a data do conclave não seja anunciada nesta semana.

"Ainda não foi fixada a data do conclave", advertiu sorridente Lombardi durante a conversa diária com a imprensa.

O debate e a votação para estabelecer a data do conclave "ainda não amadureceram", explicou.

Embora os influentes cardeais americanos tenham aceitado manter silêncio diante da imprensa, como pediu elegantemente o Vaticano, e tenham cancelado sua conversa diária com os jornalistas, dentro dos muros do Vaticano estão sendo abordados os temas centrais para o futuro da Igreja.

O Colégio Cardinalício concordou em seu conjunto em enviar um telegrama de pêsames pela morte do presidente venezuelano Hugo Chávez, assinado pelo decano, o italiano Angelo Sodano, e enviado ao presidente em funções, Nicolás Maduro.

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