Repórter
Publicado em 21 de agosto de 2025 às 08h49.
Os Estados Unidos e a União Europeia avançaram na formalização de um acordo comercial que pode resultar na redução das tarifas sobre os carros europeus e criar espaço para novos descontos sobre produtos de aço e alumínio, segundo uma declaração conjunta divulgada nesta quinta-feira, 21.
O documento trouxe detalhes sobre como a União Europeia poderá garantir os cortes tarifários prometidos em setores como automóveis, produtos farmacêuticos e semicondutores, além de novos compromissos em relação às regulamentações dos serviços digitais da UE.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tem elogiado a estrutura comercial entre os EUA e a UE com frequência, chamando-a de "um grande negócio" durante uma reunião com líderes estrangeiros, incluindo Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, na Casa Branca na segunda-feira, 18.
Trump já impôs uma alíquota de 15% sobre a maioria dos produtos da Europa, metade dos 30% que havia ameaçado anteriormente.
A promessa dos EUA de aplicar essa tarifa reduzida sobre automóveis e autopeças agora depende da apresentação formal por parte da UE de uma proposta legislativa para eliminar algumas de suas próprias tarifas sobre produtos industriais americanos e oferecer "acesso preferencial ao mercado" para produtos agrícolas e frutos-do-mar dos EUA.
O novo acordo prevê uma ação coordenada entre as partes, com os EUA implementando as tarifas reduzidas sobre automóveis assim que a UE "apresentar formalmente a proposta legislativa necessária para a adoção" de suas próprias reduções tarifárias.
A tarifa de 15% sobre carros europeus pode entrar em vigor logo após a aprovação da legislação, com início previsto para o mês em que for ratificada.
A medida era aguardada com expectativa por diversos países da UE, especialmente a Alemanha, que em 2024 exportou US$ 34,9 bilhões em veículos e autopeças para os EUA.
Um funcionário do governo dos EUA afirmou à Bloomberg, em condição de anonimato, que a medida pretende garantir que a UE cumpra as promessas de redução tarifária e assegure que o bloco de 27 países tenha a pressão necessária para obter aprovação política interna para as mudanças.
Os EUA se comprometeram a aplicar tarifas mais baixas para diversos produtos europeus, como aeronaves, medicamentos genéricos, seus ingredientes e até mesmo itens como cortiça.
Com o acordo, surge também a possibilidade de tarifas menores sobre certos produtos de aço, alumínio e derivados, baseadas em um sistema de cotas.
A mudança se afasta dos planos anunciados pela Casa Branca em julho, quando o governo Trump havia insistido que as tarifas sobre metais seriam mantidas em 50%, visando reduzir o déficit comercial com a UE e gerar receita para os cofres dos EUA.
Em relação ao aço e alumínio, as duas partes agora buscam "cooperar para proteger seus mercados internos contra o excesso de capacidade", ao mesmo tempo em que garantem cadeias de suprimento seguras entre si, diz a declaração conjunta.
O comunicado também levanta questões sobre como a UE conseguirá cumprir sua promessa de investir US$ 600 bilhões nos EUA ou comprar US$ 750 bilhões em recursos energéticos americanos — como gás natural liquefeito, petróleo e energia nuclear — até 2028.
Investimentos privados por empresas europeias seriam esperados em setores estratégicos nos EUA, como farmacêuticos, semicondutores e manufatura avançada, segundo a Bloomberg.
Simultaneamente, a União Europeia planeja aumentar significativamente a compra de equipamentos de defesa e militares dos EUA, segundo o comunicado, além de adquirir pelo menos US$ 40 bilhões em chips de inteligência artificial dos EUA.
A União Europeia também pretende oferecer acesso preferencial a determinados produtos agrícolas e frutos-do-mar dos EUA, incluindo nozes, certos laticínios, frutas, vegetais, alimentos processados, sementes, óleo de soja, carne de porco e bisão.
Nos últimos dias, as negociações sobre regulamentações de serviços digitais da UE e possíveis alívios para produtos como vinho e bebidas alcoólicas se estenderam, adiando acordos definitivos.
A UE se comprometeu a não adotar ou manter taxas de uso de rede, visando resolver algumas "barreiras comerciais digitais injustificadas" mencionadas no comunicado.
A UE também assegurou que irá buscar maior flexibilidade nas taxas sobre importações intensivas em carbono, previstas para 2026, e trabalhará para evitar que as exigências de sustentabilidade corporativa gerem "restrições indevidas" ao comércio entre os blocos.
Possíveis ajustes podem incluir flexibilizações nos requisitos de conformidade para pequenas e médias empresas, aponta a declaração.