Ministros do Mercosul: reunião em Buenos Aires debate integração regional e resposta às tarifas de Trump (Eitan ABRAMOVICH /AFP)
Agência de Notícias
Publicado em 11 de abril de 2025 às 13h06.
Os ministros de Exteriores do Mercosul chegaram nesta sexta-feira, 11, à sede da Chancelaria argentina em Buenos Aires para uma reunião na qual discutirão sobre a atualidade do bloco sul-americano em meio às tensões da guerra comercial global.
A reunião é fechada e informal e, de fato, não figura no calendário oficial de encontros do Mercosul, bloco fundado em 1991 por Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai, ao qual a Bolívia está em processo de adesão como membro pleno.
Com o chanceler argentino, Gerardo Werthein, como anfitrião, participam do encontro no Palácio San Martín os ministros de Exteriores de Brasil, Mauro Vieira; Uruguai, Mario Lubetkin; Paraguai, Rubén Ramírez; e Bolívia, Celinda Sosa Lunda.
"Vamos conversar sobre a situação atual, vamos ver como seguimos daqui para o futuro. Temos boas possibilidades de lograr acordos convenientes para a Argentina e o bloco", afirmou Werthein à imprensa ao chegar à Chancelaria.
O Mercosul chega a esta reunião em Buenos Aires com diferenças entre os sócios sobre a importância estratégica do processo de integração regional e o futuro da união aduaneira.
O bloco está atualmente sob presidência da Argentina, liderada por Javier Milei, que tem ameaçado retirar o país do Mercosul e adotado uma política externa voltada para Israel e Estados Unidos, deixando claro que os vínculos regionais não são sua prioridade.
A normativa do Mercosul impede que países-membros negociem acordos comerciais de forma independente, sendo obrigatória a negociação como bloco. Essa regra tem sido um dos pontos de atrito para Milei, que promete mudar a legislação argentina para cumprir com os requerimentos da "proposta de tarifas recíprocas" de Donald Trump.
As tarifas anunciadas por Trump no último 2 de abril aumentaram a tensão no bloco. Os membros não têm uma posição unificada sobre como responder, já que as decisões no Mercosul são tomadas por consenso.
Enquanto Uruguai e Paraguai adotam uma postura mais cauta, o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, rejeitou abertamente as medidas de Trump e prometeu defender "todas as medidas possíveis para proteger empresas e trabalhadores brasileiros".
As diferenças internas tornam difícil construir uma resposta comum à política de Trump, que impôs um arancel adicional de 10% aos países do Mercosul.