O ex-premier da Holanda, Mark Rutte, que atualmente é secretário-geral da Otan (Denis Balibouse/AFP)
Agência de notícias
Publicado em 16 de julho de 2025 às 07h45.
O secretário-geral da Otan, Mark Rutte, alertou que Brasil, China e Índia poderão enfrentar sanções secundárias dos Estados Unidos caso a Rússia não negocie um acordo de paz com a Ucrânia, e disse que esses países deveriam pressionar o presidente Vladimir Putin por um cessar-fogo.
"Minha recomendação a esses três países, especialmente, é: se você vive agora em Pequim, em Délhi, ou é o presidente do Brasil, talvez queira prestar atenção nisso, porque isso pode atingi-los com força", disse Rutte a jornalistas nesta terça-feira.
E continuou:
"Então, por favor, façam a ligação para Vladimir Putin e digam a ele que precisa levar a sério as negociações de paz, porque, caso contrário, isso vai se voltar contra o Brasil, a Índia e a China de forma massiva".
As declarações de Rutte trazem clareza sobre as possíveis consequências após o presidente Donald Trump anunciar, na segunda-feira, que está dando a Putin um prazo de 50 dias para iniciar conversas de paz com a Ucrânia, sob pena de enfrentar o que chamou de “tarifas secundárias” de 100%, além de sanções secundárias. Essas penalidades miram países que fazem negócios com nações sancionadas.
Trump não mencionou diretamente Brasil, China ou Índia, mas esses três países continuam comprando petróleo e derivados da Rússia desde que as forças de Putin invadiram a Ucrânia em 2022. Senadores americanos estão pressionando por um projeto de lei que impõe tarifas de 500% a países que mantêm relações comerciais com a Rússia.
"Continuaremos pressionando pela aprovação do projeto de sanções contra a Rússia, de minha autoria com o senador Graham, com penalidades ainda mais duras para dissuadir Índia, China, Brasil e outros de alimentar a máquina de guerra de Putin", escreveu o senador democrata Richard Blumenthal, de Connecticut, na rede X, na segunda-feira, sobre o projeto de lei que propôs com o senador republicano Lindsey Graham. — A ação do Congresso envia uma mensagem poderosa de apoio.
Medidas desse tipo podem dificultar as negociações dos EUA com Índia e China. A Índia está próxima de um acordo que prevê tarifas recíprocas de 20% antes da conclusão final, prevista para o outono. Já as relações com a China parecem estar melhorando após uma trégua comercial firmada em maio entre as duas maiores economias do mundo.