Agência
Publicado em 9 de maio de 2025 às 15h06.
Em meio ao avanço do protecionismo comercial e ao acirramento das tensões geopolíticas globais, a China vem aprofundando uma série de reformas institucionais com o objetivo de tornar seu ambiente de negócios mais transparente, previsível e alinhado às normas internacionais. A estratégia busca oferecer uma “âncora estável” para empresas multinacionais enfrentarem riscos globais e equilibrar, com inovações jurídicas, as incertezas da economia mundial.
Desde a implementação da Lei de Investimento Estrangeiro, em 2020, até a experimentação de novos marcos regulatórios nas zonas-piloto de livre comércio, o país tem promovido um processo de modernização institucional centrado na abertura como vetor de segurança. Medidas como o sistema digital “governo online em um só portal” e a filosofia de supervisão “não interferir sem necessidade” refletem uma visão contemporânea de governança voltada à atração de capitais internacionais.
No campo legal, a China tem apostado na reconstrução da confiança de mercado por meio do Estado de Direito, substituindo barreiras invisíveis por regras claras. A Lei de Investimento Estrangeiro substituiu o antigo modelo dual de tratamento a empresas nacionais e estrangeiras pelo princípio de “tratamento nacional pré-estabelecido + lista negativa”, reduzindo burocracias e garantindo igualdade jurídica. Em 2024, a lista negativa nacional caiu de 31 para 29 itens.
A proteção dos direitos de propriedade intelectual também foi fortalecida. Com a criação de tribunais especializados e a quarta revisão da Lei de Patentes, o valor das indenizações por infrações dolosas pode chegar a RMB 5 milhões, com a aplicação de penalidades exemplares. Apenas em 2024, os tribunais chineses julgaram 8.252 novos casos envolvendo empresas estrangeiras, reforçando a imagem da China como uma nação comprometida com a justiça e a proteção legal.
Em Xangai, o distrito de Pudong inaugurou o primeiro Escritório de Procuradoria de Propriedade Intelectual do país, reduzindo em 40% o tempo de abertura de ações criminais relacionadas a segredos comerciais — iniciativa que tem aumentado a confiança de investidores internacionais.
As zonas de livre comércio chinesas funcionam como laboratórios de integração com normas internacionais. Em Xangai, por exemplo, cláusulas do Acordo Abrangente e Progressivo para a Parceria Transpacífica (CPTPP) estão sendo testadas, como a exigência de neutralidade nas compras governamentais quanto à forma de propriedade das empresas. Já em Hainan, foi adotado um modelo regulatório baseado em lista negativa e avaliação de segurança para a transferência de dados transfronteiriços.
Esse esforço coordenado fortalece a compatibilidade do sistema chinês com as regras mais avançadas do comércio global, sinalizando ao mercado internacional que a China está comprometida com uma lógica de abertura regulada e segurança institucional.