Nexperia: governo chinês cobra solução prática da Holanda para situação com fabricante de chips (Nicolas Economou/Getty Images)
Redação Exame
Publicado em 8 de novembro de 2025 às 11h43.
As autoridades da China pediram neste sábado, 8, que o governo da Holanda “não fique na retórica” e “proponha soluções construtivas em breve e tome medidas concretas” para resolver o impasse envolvendo a Nexperia, fabricante de semicondutores sob intervenção do governo holandês desde o fim de setembro.
“Até o momento, a Holanda não tomou medidas concretas para deixar de violar os direitos e interesses legítimos de empresas chinesas e restabelecer a estabilidade e a segurança da cadeia global de fornecimento de semicondutores”, afirmou um porta-voz do Ministério do Comércio chinês.Em nota divulgada em sua página oficial, o ministério reiterou que “a fonte e a responsabilidade do caos atual na cadeia global de fornecimento de semicondutores são da Holanda”.
“A China espera que os comunicados da Holanda não fiquem em simples retórica, mas que também proponham soluções construtivas em breve e tomem medidas concretas (...), e que parem de empregar meios administrativos para intervir e interferir nos assuntos internos de empresas”, aponta o documento.Pequim também declarou disposição para receber representantes do Ministério da Economia da Holanda para negociações presenciais em território chinês.
A resposta chinesa foi uma reação ao pronunciamento feito nesta semana pelo ministro da Economia holandês, Vincent Karremans.
Segundo ele, após acordo entre China e Estados Unidos, Pequim “permitirá a retomada do fornecimento a partir das instalações da Nexperia na China, restabelecendo o fornecimento-chave destes importantes chips em nível mundial”.
De acordo com Karremans, a declaração está alinhada à comunicação do Ministério do Comércio da China com a Comissão Europeia.
O governo chinês informou que, por “responsabilidade para com a estabilidade e a segurança” das cadeias de fornecimento, anunciou em 1º de novembro “isenções” a “certas exportações que cumpram com as condições”.
Karremans também falou em “conversas construtivas” com representantes chineses e demonstrou expectativa de que “o fornecimento de chips da China para a Europa e para o resto do mundo chegue nos próximos dias aos clientes da Nexperia”.
Entre os clientes, estão companhias globais como Nissan e Bosch, que reduziram sua produção por falta de componentes.
A intervenção na Nexperia, que tem sede em Nijmegen e é controlada pelo conglomerado chinês Wingtech, foi baseada em uma lei holandesa de 1952 que autoriza a atuação do Estado em setores considerados estratégicos. Foi a primeira vez que a legislação foi acionada.
O Tribunal de Apelação de Amsterdã destituiu o CEO da Nexperia, Zhang Xuezheng — fundador e principal acionista da Wingtech — e colocou a companhia sob administração judicial independente.
Após a decisão, o governo chinês impôs uma proibição temporária às exportações da fábrica da Nexperia localizada na China, mas anunciou posteriormente concessões parciais para determinadas empresas.Os Estados Unidos afirmaram nesta segunda-feira, 4, que a China permitirá à Nexperia retomar exportações de chips como parte de um acordo bilateral recente, o que pode amenizar os efeitos da escassez de semicondutores, que atinge setores industriais em vários países.
Com Agência EFE