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China suspende importações de frutos-do-mar do Japão

Japão recomenda cautela a seus cidadãos na China após escalada de crise entre os dois países

Japão-China: crise diplomática após declarações sobre Taiwan atinge comércio de pescados. (Pedro PARDO / AFP)

Japão-China: crise diplomática após declarações sobre Taiwan atinge comércio de pescados. (Pedro PARDO / AFP)

Publicado em 19 de novembro de 2025 às 08h09.

A crise diplomática entre China e Japão ganhou novo capítulo nesta quarta-feira, 19, com a suspensão das importações chinesas de frutos-do-mar japoneses.

A medida, revelada por fontes do governo japonês à emissora NHK nesta quarta-feira, 19, ocorre menos de um ano após Pequim ter retomado parcialmente as compras do setor.

Em 7 de novembro, durante sessão no Parlamento, a primeira-ministra Sanae Takaichi afirmou que um ataque militar chinês à ilha governada democraticamente poderia justificar o envio de tropas japonesas em apoio à defesa taiwanesa. A declaração foi vista como provocação por Pequim, que considera Taiwan parte de seu território e não descarta uma reunificação forçada.

Justificativa ambiental e reação diplomática

A China argumenta que a suspensão das importações tem como objetivo proteger a saúde pública em razão do despejo de águas tratadas da usina nuclear de Fukushima no oceano Pacífico. A medida, segundo a NHK, reacende um impasse iniciado em 2023, quando o Japão iniciou o processo de descarte com o respaldo da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).

Na ocasião, a estatal TEPCO garantiu que os níveis de radioatividade estavam dentro dos limites de segurança, com exceção do trítio, elemento que permanece mesmo após filtração. Ainda assim, a China classificou o ato como "tratar o Pacífico como um esgoto" e já havia imposto restrições ao setor pesqueiro japonês.

Impacto econômico e tensão crescente

A exportação de frutos-do-mar do Japão à China continental representou 15,6% dos 390 bilhões de ienes (US$ 2,5 bilhões) em vendas do setor em 2023. Em 2022, a fatia era ainda maior, de 22,5%. O mercado de Hong Kong respondeu por 26,1% e os Estados Unidos, por 15,7%.

Em resposta à escalada da crise, Pequim convocou o embaixador japonês na semana passada e recomendou a seus cidadãos que evitem viajar ao Japão. Na segunda-feira, o governo japonês também emitiu alerta pedindo que seus cidadãos na China redobrem a segurança e evitem locais com grandes aglomerações.

Contexto estratégico

A tensão entre China e Japão em torno de Taiwan ocorre em um cenário mais amplo de reconfiguração das alianças asiáticas diante da disputa por influência com os Estados Unidos. A premiê japonesa, primeira mulher a chefiar o governo do país, tem defendido uma postura mais firme em relação à segurança regional, o que inclui estreitar laços com Taipei.

A decisão de suspender importações pode ter efeitos duradouros sobre o comércio bilateral e evidência o uso de barreiras econômicas como ferramenta de pressão política. Até o momento, Pequim não confirmou oficialmente a decisão.

*Com informações da AFP

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