Mundo

Comboio russo chega à cidade rebelde de Luhansk

O município, destruído pelo conflito entre o governo ucraniano e separatistas pró-Rússia, está sob controle dos rebeldes

Caminhões com ajuda humanitária: Rússia mandou que ao menos 130 deles entrassem na Ucrânia (Alexander Demianchuk/Reuters)

Caminhões com ajuda humanitária: Rússia mandou que ao menos 130 deles entrassem na Ucrânia (Alexander Demianchuk/Reuters)

DR

Da Redação

Publicado em 22 de agosto de 2014 às 15h52.

Luhansk, Ucrânia - Após viajar durante horas pelas estradas sinuosas da Ucrânia, o comboio russo com suposta ajuda humanitária chegou à cidade de Luhansk na manhã desta sexta-feira.

O município, destruído pelo conflito entre o governo ucraniano e separatistas pró-Rússia, está sob controle dos rebeldes.

Luhansk está há semanas sem energia elétrica, água, sinal de telefone e com escassez de alimentos devido aos bombardeios constantes na região.

Aos menos quatro soldados foram mortos e 23 ficaram feridos nas últimas 24 horas no leste da Ucrânia, informou o governo.

Declarando que havia perdido a paciência com as táticas de protelação da Ucrânia, a Rússia mandou que ao menos 130 caminhões com comida, água, geradores de energia e sacos de dormir entrassem em território ucraniano sem a aprovação de Kiev.

Em rede nacional de televisão, o primeiro-ministro da Ucrânia, Arseniy Yatsenyuk, declarou que o plano da Rússia ao enviar caminhões quase vazios ao território ucraniano não era entregar ajuda humanitária, mas criar uma provocação.

O comandante do serviço de segurança do país, Valentyn Nalyvaichenko, chamou a entrada do comboio de "invasão direta".

A decisão unilateral russa também causou reações negativas da União Europeia, dos EUA e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN).

O secretário-geral da OTAN, Anders Fogh Rasmussen, considerou a decisão unilateral da Rússia "uma brecha flagrante dos compromissos internacionais russos" e "uma violação maior ainda da soberania ucraniana".

A chanceler alemã, Angela Merkel, falou com o presidente russo, Vladimir Putin, e disse que estava "muito preocupada" com as notícias de que um comboio de Moscou havia atravessado a fronteira da Ucrânia sem autorização.

Merkel também conversou com o presidente da Ucrânia, Petro Poroshenko, e elogiou a reação comedida do país.

Segundo o porta-voz da chanceler, Steffen Seibert, ela pediu que tanto o comboio russo como o ucraniano, ambos com ajuda humanitária, deveriam ser liberados para entrarem no território controlado pelos separatistas e chegarem até a população.

A segurança dos caminhões estaria nas mãos dos rebeldes nas regiões sobre as quais eles têm domínio, ela afirmou.

O secretário de comunicação do Pentágono, contra-almirante John Kirby, condenou a ação e todas as ações das forças russas que aumentem a tensão na região.

"A Rússia não deveria enviar veículos, pessoas ou carregamentos de qualquer natureza à Ucrânia, seja na forma de comboios de ajuda humanitária ou qualquer outro pretexto, sem a permissão expressa de Kiev", disse.

O porta-voz do controle de fronteira russo, Rayan Farukshin, afirmou, no entanto, que todos os veículos do comboio, com 260 caminhões, haviam sido checados e aprovados para darem continuidade à viagem.

"A Rússia decidiu agir", disse o Ministério das Relações Exteriores russo em depoimento.

"Não é mais possível tolerar essa falta de lei, mentiras descaradas e a incapacidade de se chegar a um acordo", reclama o ministério.

A decisão russa aumentou as possibilidades do Exército da Rússia se meter no conflito entre o governo ucraniano e os rebeldes separatistas no leste.

A Ucrânia acusa a Rússia de apoiar e enviar armas para os insurgentes, acusação que o governo de Vladimir Putin nega.

Com informações da Associated Press e da Dow Jones Newswires.

Acompanhe tudo sobre:ÁsiaCrise políticaDireitos HumanosEuropaRússiaUcrânia

Mais de Mundo

México responderá a tarifas de Trump com novas medidas; Sheinbaum convoca anúncio público

Canadá impõe tarifa de 25% em produtos dos EUA em resposta a Trump e alerta para alta na energia

Tarifas de Trump elevam os impostos sobre as importações dos EUA ao nível médio mais alto desde 1943

Comissão Europeia propõe mobilizar cerca de 800 bilhões de euros para defesa