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Como a estatal mexicana de petróleo entrou na polêmica do Miss Universo

Empresas ligadas ao pai da miss vencedora e ao presidente do concurso de beleza firmaram um contrato milionário em 2023

Fatima Bosch venceu a edição de 2025 do Miss Universo (Reprodução/Redes Sociais)

Fatima Bosch venceu a edição de 2025 do Miss Universo (Reprodução/Redes Sociais)

Da Redação
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Redação Exame

Publicado em 23 de novembro de 2025 às 16h18.

Última atualização em 23 de novembro de 2025 às 16h37.

A coroação de Fatima Bosch como Miss Universo 2025 trouxe à tona um tema que, de primeira, parece distante do mundo dos concursos de beleza: o histórico de contratos da Pemex, estatal de petróleo do México.

O motivo? A ligação do atual presidente do Miss Universo com um contrato milionário firmado pela petroleira justamente no período em que o pai de Bosch ocupava um cargo de gestão na companhia.

Em 2023, a Pemex cedeu, por meio de licitação, um contrato de 745,6 milhões de pesos (cerca de R$ 216,8 milhões) a um consórcio liderado pela Servicios PJP4 de México, que incluía a Soluciones Gasíferas del Sur, empresa pertencente a Raúl Rocha Cantú, que assumiria a presidência do Miss Universo no ano seguinte.

No mesmo período, Bernardo Bosch Hernández, pai de Fatima Bosch, trabalhava na Pemex, mas em uma área que, segundo a própria companhia, não teve interferência no processo licitatório.

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O contrato, registrado sob o número 640853806 e o qual o jornal EL UNIVERSAL teve acesso, previa trabalho físico, infraestrutura, testes de estanqueidade e segurança industrial (atividades críticas para manter o funcionamento adequado das instalações).

O consórcio, que Cantú fazia parte, se comprometeu a fornecer sistemas anticorrosão, realizar a instalação de sinalização e instrumentação de monitoramento, construção de escritórios administrativos, plataformas e vias de acesso, além de executar interconexões e derivações de oleodutos para transporte de petróleo e gás, atendendo ainda às exigências de conformidade ambiental.

O projeto previa 328 dias de execução, de fevereiro a dezembro de 2023, e estabelecia suspensão caso fossem detectadas irregularidades fiscais. A Pemex confirmou o contrato, mas informou em nota que não tem mais qualquer relação contratual vigente com a Soluciones Gasíferas del Sur.

Quem são os envolvidos

Raúl Rocha Cantú comprou 50% do Miss Universo em 2023 e hoje preside a organização. Já sua empresa, a Soluciones Gasíferas del Sur, foi fundada em 2020 e tem como finalidade atuar em toda a cadeia de comercialização de combustíveis fósseis e não fósseis.

Do outro lado, Bernardo Bosch Hernández tem quase 30 anos de carreira no setor de energia na Petróleos Mexicanos. Em 2019, chegou a ser desqualificado por dez anos pelo Ministério da Administração Pública por não conseguir justificar uma renda de R$ 6,5 milhões de pesos (em torno de R$ 1,8 milhões), mas a sanção foi suspensa no ano seguinte e ele retornou ao quadro da empresa.

Desde outubro de 2024, ocupa o cargo de diretor adjunto de Segurança e Saúde na Pemex.

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Houve conflito de interesse?

O contrato da Pemex com a Soluciones Gasíferas del Sur mostra que o projeto foi submetido a uma licitação eletrônica internacional para a "construção de dutos terrestres para a coleta e o transporte de hidrocarbonetos nos Ativos de Produção da PEP, Zona Sul".

Até o momento, não há evidências de que Bosch tenha influenciado o processo ou que o contrato tenha relação com a participação de sua filha no Miss Universo.

Já a ligação entre Rocha Cantú e o concurso de beleza só se deu no ano seguinte à assinatura do contrato.

*com agências internacionais

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