Protesto no Iêmen contra ataques de Israel ao Irã, em 13 de junho (Mohammed Huwais/AFP)
Repórter de macroeconomia
Publicado em 21 de junho de 2025 às 22h01.
Após o ataque dos Estados Unidos feito contra o Irã, na noite deste sábado, 21, uma das principais questões é como os iranianos poderão retaliar. As opções incluem atacar bases americanas e bloquear o Estreito de Hormuz, por onde passa grande parcela do petróleo global.
O presidente Donald Trump anunciou que os EUA fizeram um bombardeio contra três instalações nucleares do Irã, o que envolve o país diretamente em um conflito. Desde 13 de junho, Israel vinha fazendo ataques ao Irã, com o objetivo de impedir o país de obter uma bomba atômica.
Nos últimos dias, líderes do Irã disseram diversas vezes que um ataque americano direto seria respondido de forma dura.
“Os americanos devem saber que qualquer intervenção militar americana será, sem dúvida, acompanhada de danos irreparáveis”, disse o líder supremo do Irã, Ali Khamenei em um discurso televisionado. “A entrada dos EUA nesta questão [guerra] é 100% em seu próprio detrimento. O dano que sofrerão será muito maior do que qualquer dano que o Irã possa sofrer.”
No entanto, a capacidade de ataque do Irã foi danificada nas últimas semanas. Desde 13 de junho, Israel fez uma série de bombardeios ao Irã, incluindo ataques a depósitos e lançadores de mísseis. Ao mesmo tempo, os iranianos dispararam centenas de mísseis de médio e longo alcance contra Israel, o que reduziu seu estoque.
Assim, embora com capacidade reduzida, o Irã ainda tem poder para disparar mísseis capazes de atingir longas distâncias, de até 2.500 km
Uma das grandes preocupações no conflito são os efeitos sobre o Estreito de Hormuz, o canal de saída do Golfo Pérsico, por onde circula o petróleo extraído de países como Arábia Saudita, Emirados Árabes e Qatar, que representa 20% do total do produto comercializado pelo mundo. O Irã fica ao lado de Hormuz.
Ao mesmo tempo, rebeldes houthis do Iêmen, que são aliados do Irã, podem atacar navios que circulam pelo mar Vermelho, rumo ao canal de Suez, em outra forma de afetar o comércio global.
Além disso, será importante observar como Rússia e China poderão se envolver no conflito. Os dois países possuem relações com o Irã. Os russos são grandes compradores de drones iranianos, por exemplo.
Analistas apontam que os dois países não devem se envolver diretamente, mas poderiam ajudar com o envio de armas e materiais ao Irã, mesmo que de forma encoberta.