Mudanças começaram no ano 533 com João II (Alberto Pizzoli/AFP)
Agência de notícias
Publicado em 8 de maio de 2025 às 13h28.
“Quo nomine vis vocari?” — pergunta, em latim, o cardeal decano para conhecer o nome do novo Pontífice. De Pio a Clemente, passando por Paulo ou Simplício, o futuro Papa deverá escolher como será chamado com base em critérios como a admiração por um predecessor ou uma vontade de ruptura. O ritual secular do conclave, que começou na quarta-feira, prevê que o ocupante da cátedra de São Pedro adote um nome imediatamente após ter sido eleito.
Até a eleição de Jorge Bergoglio, em 2013, seus predecessores nos últimos tempos se inspiraram em outros Papas. No entanto, o jesuíta argentino decidiu inovar e escolheu Francisco. Dias depois, o recém-eleito Pontífice explicou, em um encontro com jornalistas, que seu nome evocava Francisco de Assis, um santo italiano dos séculos XII e XIII, e que desejava “uma Igreja para os pobres”.
A ideia surgiu após um comentário do cardeal brasileiro Cláudio Hummes, falecido em 2022, quando Bergoglio obteve os votos necessários para ser Papa.
— Ele me disse: "Não se esqueça dos pobres" — contou Francisco aos jornalistas.
Embora, em teoria, os papas possam adotar seu nome de batismo, as mudanças começaram no ano 533 com João II, que não quis manter o seu, Mercúrio, por ser o de um deus romano e pagão. O último a manter seu próprio nome foi o Papa Adriano VI, no século XVI.
Nos últimos tempos, a principal motivação para a escolha do nome papal tem sido a admiração por pontífices anteriores. Em 2005, o alemão Joseph Ratzinger adotou o nome Bento XVI em homenagem a Bento XV, conhecido como o "Papa da Paz" durante a Primeira Guerra Mundial. Vinte e sete anos antes, o polonês Karol Wojtyła tornou-se João Paulo II como tributo direto a João Paulo I, seu antecessor, que faleceu apenas 33 dias após assumir o pontificado.
João Paulo I, por sua vez, foi o primeiro a adotar um nome duplo, para homenagear dois Papas marcantes: João XXIII e Paulo VI. Com o tempo, alguns nomes passaram a ser evitados por sua carga histórica negativa. É o caso de Pio, devido à controvérsia em torno de Pio XII, acusado por alguns historiadores de ter mantido um silêncio cúmplice diante do Holocausto promovido pela Alemanha nazista.
No entanto, Pio é o sétimo nome mais utilizado por Papas na história da Igreja, atrás apenas de João (21), Gregório (16), Bento (15), Clemente (14), Leão e Inocêncio (13), segundo a lista oficial da Santa Sé. Mas há outros nomes menos habituais como Simplício, Zacarias ou Teodorico.