Lula: presidente fez o discurso de abertura do Fórum Mundial da Alimentação, em Roma, em 13 ed outubro de 2025. (ANDREAS SOLARO/AFP)
Repórter
Publicado em 13 de outubro de 2025 às 11h28.
Última atualização em 13 de outubro de 2025 às 11h49.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou, nesta segunda-feira, 13, que guerras são um dos principais fatores para a proliferação da fome no mundo. A fala ocorreu durante o discurso de abertura do Fórum Mundial da Alimentação, da Food and Agriculture Organization (FAO), que acontece em Roma.
Cerca de 673 milhões de pessoas lutam contra a insegurança alimentar ao redor do mundo, segundo a FAO, da Organização das Nações Unidas (ONU).
De acordo com o presidente, dados do Programa Mundial de Alimentos mostram que para garantir três refeições diárias aos afetados, custaria cerca de US$ 315 bilhões.
"Isso representa 12% dos 2,7 trilhões de dólares consumidos anualmente com gastos em armas", disse Lula.
Aplicando um imposto global de 2% sobre os ativos dos chamados super-ricos, o presidente afirmou que a quantidade necessária já seria atingida para combater a fome.
"Conflitos armados, além do sofrimento humano e da destruição da infraestrutura, desorganizam cadeias de insumos e alimentos", afirmou o presidente.
Durante o discurso, Lula afirmou que a FAO é uma das instituições mais antigas do sistema internacional, criada antes mesmo da ONU. Ele lembrou que a fundação da organização, em 1945, simbolizou o compromisso dos países em não permitir que a fome tivesse espaço no futuro da humanidade.
"Enquanto houver fome, a FAO permanecerá indispensável", disse o presidente. Lula também mencionou o brasileiro Josué de Castro, ex-presidente do Conselho Executivo da FAO, que afirmava que “metade da humanidade não come; e a outra metade não dorme, com medo da que não come”.
Em sua fala, Lula afirmou que o acesso à alimentação continua sendo um recurso de poder no mundo contemporâneo. Para ele, não é possível dissociar a fome das desigualdades sociais e econômicas entre países ricos e pobres.
O presidente citou que, embora a produção de alimentos global seja suficiente para alimentar uma vez e meia a população mundial, milhões ainda passam fome por falta de distribuição justa e acesso equitativo.
"Não basta produzir, é preciso distribuir", afirmou o presidente.
O presidente também fez um convite aos países presentes para participar da COP30, que será realizada em Belém, no Pará, em 2025. Segundo ele, o evento será o espaço para entrelaçar as lutas contra a fome, a pobreza e a crise climática.