A presidente do Peru, Dina Boluarte, foi oficialmente destituída do cargo na madrugada desta sexta-feira, 10, após votação unânime no Congresso que a declarou "incapaz moralmente" de seguir governando. Assume agora a presidência do país o chefe do Congresso, José Jerí, que tomou posse imediatamente após a decisão.
O pedido de afastamento, assinado por 34 parlamentares de diferentes partidos, cita denúncias de corrupção, enriquecimento ilícito e a investigação conhecida como "Rolexgate", que apura o uso de relógios de luxo não declarados por Boluarte. A presidente não compareceu à sessão em que teve a chance de se defender.
Em seu primeiro discurso como presidente, Jerí afirmou que buscará "reconciliação nacional" e combate à insegurança. “Os inimigos são as gangues nas ruas”, declarou.
Boluarte havia assumido o governo em dezembro de 2022, após a prisão de Pedro Castillo, que tentou dissolver o Congresso. Desde então, sua gestão foi marcada por protestos, repressão violenta em regiões andinas e forte rejeição popular — sua aprovação variava entre 2% e 4%.
Em julho, a então presidente também foi alvo de críticas ao dobrar o próprio salário. A crise política se agravou com a falta de respostas à crescente violência no país.
Clima de instabilidade e eleições em 2026
O Congresso peruano, de maioria conservadora, que anteriormente havia rejeitado outras tentativas de impeachment, mudou de postura diante do agravamento das denúncias. A destituição é mais uma no cenário de instabilidade do país. Desde 2018, o Peru já teve seis presidentes, e quatro deles estão presos atualmente.
José Jerí permanecerá no cargo até as próximas eleições gerais, marcadas para abril de 2026. Ele prometeu governar com “humildade, empatia e responsabilidade” e chamou atenção para a necessidade de acordos mínimos entre os partidos.
*Com informações de EFE