Agência de Notícias
Publicado em 25 de fevereiro de 2025 às 07h36.
Última atualização em 25 de fevereiro de 2025 às 08h19.
Os Estados Unidos conseguiram nesta segunda-feira, 24, que o Conselho de Segurança da ONU aprovasse uma resolução sobre a guerra na Ucrânia, que foi rejeitada de manhã quando foi submetida à votação na Assembleia Geral, e que não contém sequer uma menção a “invasão” ou “guerra”.
A resolução obteve o apoio de dez países, incluindo a Rússia, a China e os países africanos e asiáticos no Conselho, enquanto os cinco países europeus se abstiveram, sendo que França e Reino Unido se recusaram a usar seu poder de veto.
A resolução, uma das mais curtas já aprovadas, menciona um “conflito entre a Ucrânia e a Federação Russa”, “pede um fim rápido para o conflito” e “pede uma paz duradoura”.
A sessão foi precedida por fortes discursos do Reino Unido e da França sobre a necessidade de diferenciar entre agressor e agredido na Ucrânia e sobre a exigência de que a resolução refletisse o respeito à integridade territorial e à soberania da Ucrânia, mas nada disso aconteceu e, quando chegou a hora de pressionar, os dois países optaram por se abster, assim como os outros três europeus (Dinamarca, Eslovênia e Rússia).
Além disso, houve tentativas dos cinco europeus e da Rússia de introduzir emendas ao texto dos EUA, mas nenhuma obteve os nove votos necessários.
Assim, a derrota dos EUA na Assembleia na manhã de segunda-feira - quando o texto foi desidratado por inúmeras emendas pró-Ucrânia - deu lugar, mais tarde, a uma vitória para a nova linha adotada pelo governo do presidente dos EUA, Donald Trump, em relação ao conflito.
A resolução dos EUA mal teve tempo de ser negociada entre os 15 membros do Conselho, já que foi anunciada na noite de sexta-feira, e enquanto a França e o Reino Unido pediram tempo até terça-feira para negociar outras mudanças, os diplomatas dos EUA se recusaram completamente.
De qualquer forma, os eventos de segunda-feira, tanto na Assembleia quanto no Conselho, expuseram de forma contundente as profundas diferenças entre os Estados Unidos e seus antigos aliados europeus, com os quais já estão em desacordo sobre questões que vão desde tarifas, reivindicações territoriais (Groenlândia) e a interferência política de Washington em vários países europeus.
Em 2022 e 2023, os votos a favor da Ucrânia foram esmagadores, com 141 votos a favor em ambas as ocasiões (de 193 membros da ONU), mas o que aconteceu nesta segunda-feira mostra que o apoio à Ucrânia está evaporando fora do território da União Europeia, onde também há dissidentes pró-Rússia, como a Hungria.
Não está claro o que a votação de hoje no Conselho significará daqui para frente, já que suas resoluções são obrigatórias, ao contrário das da Assembleia, que são meramente simbólicas.