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CPI: inflação dos EUA fica estável em mês que Trump lançou tarifaço

Dados foram divulgados nesta quarta-feira pelo governo americano

Donald Trump, presidente dos EUA, exibe quadro com novas tarifas, em 2 de abril (Chip Somodevilla/AFP)

Donald Trump, presidente dos EUA, exibe quadro com novas tarifas, em 2 de abril (Chip Somodevilla/AFP)

Rafael Balago
Rafael Balago

Repórter de macroeconomia

Publicado em 13 de maio de 2025 às 09h39.

Última atualização em 13 de maio de 2025 às 10h24.

O índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) nos Estados Unidos subiu 0,2% em abril. O dado foi divulgado nesta quarta-feira, 13, pelo Escritório de Estatísticas do Trabalho. A taxa acumulada da inflação dos últimos doze meses foi de 2,3%.

O mês teve uma leve aceleração em abril, pois em março o país havia registrado deflação, de 0,1%. Em março, o índice havia atingido 2,4% na taxa anual.

O dado veio dentro do que a maioria dos analistas esperava. A expectativa do mercado era de avanço mensal de 0,2% e alta anual de 2,4%, segundo o Wall Street Journal.

Entre os itens que tiveram maiores altas, estão moradia (0,3%) e energia (0,7%), puxado pela alta na eletricidade. Já o preço da comida caiu 0,1% no período.

Este foi o primeiro indicador de inflação dos EUA a captar o período após o "Liberation Day", em 2 de abril, quando o presidente Donald Trump anunciou um aumento de tarifas para praticamente todos os países, com taxas mais altas para a China.

O núcleo do CPI que exclui gastos com comida e energia, que são mais voláteis, também avançou 0,2% no mês e 2,8% nos últimos 12 meses. Em março, o indicador também estava em 2,8% em 12 meses.

A meta do Fed, o banco central americano, é trazer a inflação americana para 2%. No entanto, a meta do Fed se baseia em outro indicador, o PCE, focado em gastos de consumo pessoal. Os dados de abril serão divulgados no final de maio.

Efeitos das tarifas de Trump

Trump anunciou, em 2 de abril, uma série de novas tarifas para praticamente todos os países. Houve uma taxa inicial de 10%, válida para o Brasil e os demais países da lista, e tarifas extras para alguns países e blocos, como uma taxa para a China que depois foi ampliada para 145%.

Nos dias seguintes ao anúncio, o mercado de ações e de títulos da dívida americana tiveram fortes quedas. Depois disso, Trump recuou das medidas. Ele manteve a taxa geral de 10%, mas adiou até julho a cobrança das tarifas extras para todos os países, com exceção da China, porque Pequim havia retalhado as cobranças americanas.

No último fim de semana, no entanto, o governo Trump chegou a um acordo com a China para reduzir as tarifas por 90 dias, enquanto um novo acordo definitivo é negociado. A China também retirou quase todas as taxas que havia imposto.

Enquanto o mercado financeiro costuma reagir de modo mais rápido às mudanças, os efeitos das tarifas no comércio exterior levam mais tempo, pois empresas geralmente possuem grandes estoques comprados ainda sob as condições anteriores e levam tempo para buscar novos fornecedores. Em vários casos, as tarifas de Trump foram canceladas antes de serem aplicadas de fato, e houve situações em que cobranças de tarifas já feitas foram suspensas, gerando créditos fiscais a quem as pagou.

Por que o CPI importa?

O índice de inflação dos EUA serve como um dos termômetros dos efeitos das políticas de Donald Trump na economia. As políticas do republicano, como aumentar tarifas de importação sobre todos os países, trazem risco de ampliar a inflação no país e, ao mesmo tempo, de gerar uma recessão.

A inflação nos EUA chegou a 9,1% ao ano em junho de 2022, na esteira da crise gerada pela pandemia. Em resposta a isso, o Fed deu início a um ciclo de alta nos juros, que durou dois anos. O corte da taxa foi iniciado em setembro, quando os juros foram para a faixa de 4,75% a 5% ao ano. Foi a primeira baixa em quatro anos. Nos meses seguintes, houve novas baixas, e a taxa atual é de 4,25% a 4,5% ao ano. No fim de janeiro, o Fed pausou a queda da taxa de juros, e a manteve desde então.

Os juros altos nos EUA atraem mais capitais ao país, o que reduz o fluxo para outros países, como o Brasil, que passam a ter mais dificuldade para captar recursos. A alta nos juros americanos também influencia a queda na taxa de juros do Brasil.

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