De acordo com o Escritório Nacional de Estatísticas (ONE), o PIB da China aumentou 4,8% entre julho e setembro, em relação ao mesmo período do ano anterior.
O resultado ficou abaixo dos 5,2% do trimestre anterior e reflete as turbulências no comércio internacional e a queda persistente do consumo interno.
O crescimento é o mais fraco desde o terceiro trimestre de 2024, quando o PIB havia avançado 4,6%, segundo dados da agência AFP.
Pressão comercial com os Estados Unidos
Os números foram divulgados no momento em que o Comitê Central do Partido Comunista Chinês se reúne para traçar as diretrizes políticas e econômicas do país, em meio a tensões crescentes com os Estados Unidos.
O presidente americano Donald Trump ameaçou no início de outubro impor tarifas de 100% sobre produtos chineses a partir de 1º de novembro, em resposta à ampliação dos controles de exportação que Pequim aplicou ao setor de terras raras — insumos estratégicos para a indústria tecnológica.
Analistas acreditam que o cenário de pressão externa deve acelerar uma mudança no modelo econômico chinês, com ênfase maior no consumo interno e menor dependência de exportações e investimentos em infraestrutura.
Investimentos e setor imobiliário em queda
O investimento em ativos fixos caiu 0,5% nos primeiros nove meses de 2025, em comparação com o mesmo período de 2024, segundo o ONE. O principal fator é a forte contração no setor imobiliário, que continua afetando construtoras e bancos regionais.
“A queda é incomum e alarmante”, afirmou Zhiwei Zhang, economista da Pinpoint Asset Management. “As medidas recentes de estímulo podem mitigar parte da pressão, mas o risco para o crescimento no quarto trimestre ainda é de baixa.”
Consumo fraco e incerteza da população
O consumo das famílias continua em retração e ainda não se recuperou completamente dos impactos da pandemia de covid-19. O crescimento das vendas no varejo desacelerou para 3% em setembro — a menor taxa desde novembro de 2024 —, abaixo do índice de agosto, de acordo com o ONE.
“O crescimento da China depende cada vez mais das exportações, o que não é sustentável”, alertou Julian Evans-Pritchard, da Capital Economics.
Para muitos chineses, a recuperação ainda parece distante. “Os subsídios ao consumo não são suficientes”, disse Alin, uma assistente administrativa de 40 anos em Pequim. “As pessoas estão preocupadas com a segurança no emprego, o preço dos imóveis e os gastos com educação.”
Produção industrial dá leve alívio
Apesar do cenário geral negativo, a produção industrial subiu 6,5% em setembro, superando as previsões de 5% feitas pela Bloomberg. O resultado é visto como um sinal de que as medidas de estímulo podem estar começando a surtir efeito em setores estratégicos, como o automotivo e o tecnológico.
O encontro do Partido Comunista, que vai até quinta-feira, 23, deve resultar em um plano nacional de desenvolvimento com metas políticas, econômicas, sociais e ambientais até o fim da década.