Mundo

Crescimento da China desacelera para 4,8% no terceiro trimestre, o menor nível do ano

Queda no consumo interno e tensões comerciais com os EUA pressionam a economia chinesa, que enfrenta seu ritmo mais lento desde 2023

AFP
AFP

Agência de notícias

Publicado em 20 de outubro de 2025 às 07h44.

A economia chinesa cresceu menos de 5% no terceiro trimestre de 2025, registrando o menor nível do ano, segundo dados oficiais divulgados nesta segunda-feira, 20, mesmo dia em que o Partido Comunista iniciou quatro dias de reuniões para definir o planejamento econômico de longo prazo do país.

De acordo com o Escritório Nacional de Estatísticas (ONE), o PIB da China aumentou 4,8% entre julho e setembro, em relação ao mesmo período do ano anterior.

O resultado ficou abaixo dos 5,2% do trimestre anterior e reflete as turbulências no comércio internacional e a queda persistente do consumo interno.

O crescimento é o mais fraco desde o terceiro trimestre de 2024, quando o PIB havia avançado 4,6%, segundo dados da agência AFP.

Pressão comercial com os Estados Unidos

Os números foram divulgados no momento em que o Comitê Central do Partido Comunista Chinês se reúne para traçar as diretrizes políticas e econômicas do país, em meio a tensões crescentes com os Estados Unidos.

O presidente americano Donald Trump ameaçou no início de outubro impor tarifas de 100% sobre produtos chineses a partir de 1º de novembro, em resposta à ampliação dos controles de exportação que Pequim aplicou ao setor de terras raras — insumos estratégicos para a indústria tecnológica.

Analistas acreditam que o cenário de pressão externa deve acelerar uma mudança no modelo econômico chinês, com ênfase maior no consumo interno e menor dependência de exportações e investimentos em infraestrutura.

Investimentos e setor imobiliário em queda

O investimento em ativos fixos caiu 0,5% nos primeiros nove meses de 2025, em comparação com o mesmo período de 2024, segundo o ONE. O principal fator é a forte contração no setor imobiliário, que continua afetando construtoras e bancos regionais.

“A queda é incomum e alarmante”, afirmou Zhiwei Zhang, economista da Pinpoint Asset Management. “As medidas recentes de estímulo podem mitigar parte da pressão, mas o risco para o crescimento no quarto trimestre ainda é de baixa.”

Consumo fraco e incerteza da população

O consumo das famílias continua em retração e ainda não se recuperou completamente dos impactos da pandemia de covid-19. O crescimento das vendas no varejo desacelerou para 3% em setembro — a menor taxa desde novembro de 2024 —, abaixo do índice de agosto, de acordo com o ONE.

“O crescimento da China depende cada vez mais das exportações, o que não é sustentável”, alertou Julian Evans-Pritchard, da Capital Economics.

Para muitos chineses, a recuperação ainda parece distante. “Os subsídios ao consumo não são suficientes”, disse Alin, uma assistente administrativa de 40 anos em Pequim. “As pessoas estão preocupadas com a segurança no emprego, o preço dos imóveis e os gastos com educação.”

Produção industrial dá leve alívio

Apesar do cenário geral negativo, a produção industrial subiu 6,5% em setembro, superando as previsões de 5% feitas pela Bloomberg. O resultado é visto como um sinal de que as medidas de estímulo podem estar começando a surtir efeito em setores estratégicos, como o automotivo e o tecnológico.

O encontro do Partido Comunista, que vai até quinta-feira, 23, deve resultar em um plano nacional de desenvolvimento com metas políticas, econômicas, sociais e ambientais até o fim da década.

 

Acompanhe tudo sobre:ChinaPIBEconomia

Mais de Mundo

Trump sugere comprar carne da Argentina para conter a inflação nos EUA

Egito exige que Israel e Hamas cumpram cessar-fogo em Gaza

Trump confirma que cessar-fogo em Gaza continua válido apesar de novos bombardeios de Israel

Trump prepara tarifas à Colômbia após suspensão de subsídios